Fomos ao SEF (Serviços de Estrangeiros e Fronteiras), e queríamos acrescentar informações, sem que elas fossem pedidas. A atendente pediu um item, e outro item, e então eu queria "ajudar": "Trouxemos isto também" - referindo-me a algum documento, ainda não pedido. O que aconteceu? A atendente fez um sinal, e já logo percebi (entendi).
Hoje sinto-me parvo (tolo), e realmente não faz sentido, querer ajudar a atendente, salvo se realmente necessário. Hoje sei que devia fechar a boca, e responder somente o que me fosse perguntado. Talvez não é o problema de todo brasileiro, mas é uma dificuldade minha. Quero conversar, fazer comentários, nem que seja sobre o clima.
O brasileiro gosta de falar (normalmente), gosta de solucionar problemas, gosta de ajudar o próximo, gosta de meter-se em conversas alheias, gosta de meter o bitate (palpite). Os portugueses também podem ser assim, mas há uma maneira diferente de agir, mais recatada.
E, novamente, voltamos a questão dos tamanhos e quantidades. Se eles o fazem, nós ainda mais. Temos uma maneira um tanto quanto exagerada em fazer as coisas.
Se não observamos essa diferença, podemos nos meter em sarilhos (entrar em confusão).
Pincei - aleatoriamente - do livro "As Pequenas Memórias" de José Saramago: "Embora, verdade seja dita, eu tenha a impressão de que os pais, naqueles primitivos tempos, não fossem muito de importar-se com pormenores..."
Penso não ser apenas "naqueles primitivos tempos". Menos é mais.
Sei que precisamos discernir, pois há situações em que falamos algo, e de pronto somos correspondidos, e surge uma boa prosa. Entretanto, há situação e situação. Vamos "afulinar".
Saiu para passear o cão ou a criançinha, então é possível alguém abrir-se a uma conversa.
Está numa fila (os mais velhos, usam mais "bicha")? Normalmente, a oportunidade acontece a partir de um comentário, se a fila não anda, algo corriqueiro, e calha uma oportunidade.
Importante alerta: se um português fala de seus problemas, não significa que ele deseja que você o solucione. Entra aí a necessidade, de novamente, discernir. A linha é tênue.
Enfim, menos é mais, senão mais será menos. Mais palavras, menos oportunidades. Ah, e por favor, menos críticas, será sempre mais. Menos postura de quem já sabe, será sempre mais.
Instagram: @vacilius.lima
FOTO: Show dos Golfinhos no Zoológico de Lisboa
Nenhum comentário:
Postar um comentário