Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



quarta-feira, 26 de maio de 2021

A Hospitalidade e o Evangelho no Cotidiano

A hospitalidade deveria ser parte de nosso dia a dia, pois nos permite vivenciar muito do que ouvimos e cantamos no Domingo. 

Aliás, deveria ser uma porta de continuidade de nossa liderança, que ora serve, ora desfruta do servir dos outros. 

"Servi uns aos outros..." (1 Pe. 4.10) é um daqueles mandamentos de mutualidade. O servir propõe ao outro desfrutar, assim tal como o outro também servirá ao desfrute daquele que serviu. 

Stephen Crawford, num artigo da CBMW.ORG fala sobre a tendência da descontinuidade entre um domingo e outro, durante a semana. Ele escreve:

"Como criamos um senso de continuidade entre os cultos dominicais e toda a vida cristã? Ou, dito de outra forma, como podemos lutar contra a sensação de descontinuidade que muitos adoradores de domingo sentem entre o que acontece nos santuários no Dia do Senhor e a "normalidade" do resto da semana? Como nós, como cristãos comuns, permitimos que o sagrado se espalhe para o dia a dia? Uma resposta está na maneira como vemos nossas casas e praticamos a hospitalidade. O ato de hospitalidade permite que a sacralidade da adoração cristã e a realidade da mensagem do evangelho se espalhem no dia a dia, e nos faz ver muitos dos deveres domésticos e da rotina como lugares onde a ética do reino de Deus realmente prevalece de nossos corações e vidas."

A expressão que gostava de pinçar é: "senso de continuidade". A hospitalidade une um domingo e outro. Ela traz a oportunidade do servir mais básico.

Jesus, o nosso Mestre, ao qual devemos ser moldados, lavou os pés dos discípulos (João 13.1-17). O ato de lavar os pés era um ato comumente usado numa atitude humilde em dizer: "És muito bem-vindo!" O "lavar os pés" contextualizado às nossas maneiras de melhor fazer, é um sinal contundente de hospitalidade. 

No preparo da casa, das refeições, do ambiente, sempre haverá um espírito de servo que não pode ser apenas de um. Toda a família que aprende a alegrar-se com a hospitalidade cresce em comunicação, partilha e servir mútuo. 

O servir não acontece sozinho. Ele vem com o fruto do Espírito. É uma rica oportunidade de partilhar o amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl. 5.22-23).

Aqueles que recebem as pessoas em casa sabem o quanto é um ambiente oportuno de cultivo do fruto do Espírito, pois há tensões e bênçãos prévias e posteriores, e quiçá haverá enquanto estamos a receber. 

Que tal "oportunizar" a sua casa, e a casa de outros com a sua visita, a bênção da continuidade não apenas do servir, mas também do desfrutar? 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Hospitalidade: Lugar de Cuidado e Cura!

A hospitalidade é, sem dúvida, um instrumento da Graça de Deus. Ela aspergi um bálsamo de renovo e cura.

Faz parte da hospitalidade uma boa refeição, feita com amor. Entretanto, é muito mais que comida e uma cama preparada. 

Faz parte da hospitalidade despir-se para ouvir - atentamente - o que o outro deseja dizer. E no falar há partilha, há derramamento, há confissão.

"Confessai as vossas fraquezas uns aos outros para serdes curados..." (Tiago 5.16)

Haveria melhor ambiente para a confissão e o abrir do coração que o aconchego da hospitalidade? 

É muitas vezes ao redor da mesa que as pessoas se desarmam e se derramam, e ainda se tornam vulneráveis. Uma vulnerabilidade positiva de ser que somos. 

Por que acontece assim? Porque um ambiente seguro e confiável promove partilha, e muitas vezes das mais profundas e intocáveis até então.

Quando os temores são partilhados, eles já não assustam tanto.

Quando as alegrias são celebradas, elas se multiplicam. 

Quando os pecados são confessados, eles não têm o mesmo peso.

Quando as desesperanças são divididas, vê-se a luz do amanhã.

Hospitalidade é mais que um prato, é mais uma cama. 

Hospitalidade é um bálsamo, é uma abraço na solidão, é um olhar de esperança, é uma oportunidade de sentir-se o centro de toda atenção. 

Não há mais ninguém além daquele que é recebido, e quem é recebido sente o quanto ele importa.

Importa muito a pessoa em si, independentemente das limitações e dificuldades que ela pode trazer.

Não poderia ser diferente? 

Infelizmente, até pode, se não temos as perspectivas e motivações corretas.

A perspectiva é servir da melhor maneira, a motivação é o que Deus está a fazer na vida de quem recebemos. 

Sendo assim, o bálsamo do cuidado e da cura andam juntos.

O que mais poderia ser bálsamo e cura para além da presença do Espírito Santo sendo ministrada? 

Dentre as várias visitas e atos de hospitalidade na Bíblia, podemos hoje mencionar quando Maria, mãe de Jesus, entra na casa de Zacarias e saúda Isabel. João Baptista saltou em seu ventre e ela foi cheia do Espírito Santo e alegria. A mesma alegria desfrutou Maria que entoou: "Minha engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador!" (Lc. 1.39-47)

A hospitalidade é uma bênção de mão dupla. A alegria no Espírito pode ser desfrutada tanto por aqueles que recebem como por aqueles que são recebidos. 

Abre as portas e deixe o bálsamo da alegria no Espírito ser derramado, ainda que num primeiro momento haja lágrimas. E permita-se ser recebido por outros também.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Hospitalidade Sutil e Nociva?

Hospitalidade é sinônimo de boa acolhida. É abraçar quem está de fora. Colocar para dentro e incluir no lar. É dizer: seja muito bem-vindo, e faz parte connosco.

Hospitalidade como acolhimento está relacionado com pessoas, por outro lado, podemos dar boa acolhida a coisas também. 

Boa acolhida a coisas boas como um bom livro, uma boa música e um bom filme. 

E a boa acolhida a coisas nocivas?

É sim muito perigoso acolher tudo que vem de fora. E a tecnologia traduzida em redes sociais, e sites disponíveis para o que desejarmos, comumente são acolhidos como parte de nosso lar. 

Avaliamos quem deixamos entrar? 

É também sutil e nocivo não apenas quem e o que deixamos entrar, mas também o quanto eles desagregam. 

Vários aparelhos ligados ao mesmo tempo. A privacidade é boa ao trabalho, aos estudos e ao lazer. Entretanto, devemos acolher a tecnologia como aliada da família e não como instrumento de desagregação.  

Faz parte da boa acolhida, de uma família que assume a bênção da Hospitalidade, preservar-se ao redor da mesa, com todos os aparelhos desligados, e distantes daquele tempo sagrado em família. Aliás, nem uma chamada telefónica é digna de interromper as conversas ao redor da mesa. 

A que distância o seu aparelho fica quando você está a partilhar a refeição com a família? 

A família que cultiva tempo ao redor da mesa, com boas conversas, todos desconectados, estão mais preparados para acolher outros, e consequentemente evitar o perigo da alienação como acolhida a tudo o que desagrega. 

Também não deveria haver a acolhida virtual-tecnológica quando estamos na cama. Aparelhos ligados não nos desliga. Provoca a dopamina, este neurotransmissor que produz uma sensação de prazer e que aumenta a motivação. As horas passam a voar e depois estamos cansados e com menos horas para dormir.

"O uso descontrolado da tecnologia causa prejuízos na vida das pessoas como um todo. Elas perdem o foco das coisas realmente importantes e têm uma qualidade das relações empobrecida. Isso é pouco percebido, principalmente por quem é viciado em jogos. A pessoa perde o foco, fica mais distraída, retém menos informações e tem uma diminuição da memória", observa Dora observa Dora Góes, psicóloga do Programa de Dependências Tecnológicas do IPQ (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas).

Tome a melhor decisão. Não acede nada quando na cama. Não dê boa acolhida as redes sociais. Antes, porém, cultive um tempo de solitude, de gratidão pelo dia, de intercessão. 

E faz de seu lar, um ambiente de hospitalidade, de boa acolhida a coisas boas de maneira a agregar. 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Hospitalidade com Trancas

É uma bênção ter as portas abertas? Sim, sim. É uma bênção, e também um perigo. Perigo? Por que uma bênção também seria um perigo? 

Seria o perigo em receber a visita errada? O perigo em recebermos alguém com carácter duvidoso? Pode até ser assim, este tipo de perigo. Entretanto, há um perigo ainda mais grave. O perigo de não termos o equilíbrio devido entre o convívio com os outros e o viver da família enquanto família.

Ouça o que Edith Schaeffer, esposa de Francis Schaeffer, fundadores de L'Abri - uma casa de hospitalidade, diz sobre hospitalidade:

"Uma família é uma porta com dobradiças e tranca. As dobradiças devem ser bem lubrificadas para abrir a porta nas horas certas; a tranca deve ser firme para que as pessoas saibam que a família precisa estar sozinha parte do tempo, apenas para ser família." (O que é uma Família?)

A família precisa estar sozinha apenas para ser família. O que é ser família? É ser quem somos, sem receios. É derramar-se em liberdade de brincar e sorrir, de sentir e chorar, de pecar os pecados mais básicos do relacionamento, se constranger e confessar com sinceridade, na esperança e no compromisso de que queremos ser melhores que somos. 

Precisamos ser família com privacidade e liberdade, e descobrir que devia fazer parte do ser família abrigar outras famílias.

Abrigar de portas abertas, sem o deslize em nunca fechá-la. 

Quantas visitas são-nos um bálsamo de alegria e cura, e quanto das nossas visitas recebem esta mesma bênção. Por outro lado, precisamos admitir que há trabalho envolvido neste processo. 

Trabalho e investimento provocam cansaço. O que não pode é provocar canseira. O cansaço é parte do trabalho. Então, se descansa e toca a andar. Já a canseira é o cansaço acumulado sem a bênção do descanso devido. 

A hospitalidade que não coloca limites recebe uma invasão que é nociva à qualidade da vida familiar. 

Hoje o convite é para abrirmos as portas com cuidado. Colocar limites a todo e a tudo que invade o tempo de qualidade de nossa família em sua particularidade.

Seja o hospitaleiro! Seja família "out" sem deixar de ser família para dentro.