Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Mulher Maravilha e Algumas Verdades

Levei minha filha ao cinema, e vimos a "Mulher Maravilha - 1984". E fomos re-lembrados de princípios tão básicos para a vida.

Sem "spoiler" quero partilhar apenas 6 tópicos:

1. A verdade está acima do sucesso, e por isso, ganhar com tramoia, com batota, não é o caminho da realização plena. 

2. O carácter deve ser cultivado desde cedo, bem cedo. Não podemos lançar nossos filhos ao mundo, sem uma base ética. 

3. Há pessoas extremamente egocêntricas, que farão o bem aos outros, apenas de maneira aparente e enganosa, ainda que os outros sejam prejudicados.

4. Todos temos desejos supérfluos e egoístas, e que se fossem satisfeitos só fariam mal.

5. Renunciar aos desejos mais dominantes, pode ser um caminho para o bem de todos. 

6. Os filhos não querem que seus pais lhes provem nada. Eles só querem os pais por perto. 

Bom filme!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Natureza, Sustentabilidade e Missão

Vivemos numa Aldeia - Mouraria - nas Caldas da Rainha - Portugal. Esta "Village", aparentemente tão arcaica, traz Contentores de Coleta Seletiva. O que fazemos? Algumas vezes, em família, todos juntos levamos os sacos, e juntos, separamos em suas respectivas cores. 

O que será natural, no coração de nossos filhos? 

Não é assim também que a Igreja devia fazer? A Igreja não pode mais viver como se a Natureza fosse um tema apenas para aqueles que não têm esperança de Novos Céus e Nova Terra.

Aos líderes eclesiásticos que não pisam o chão do povo, que nunca andam descalço na terra, a Criação será sempre um tema bom apenas para Rituais. 

O máximo que suas igrejas podem atingir é um desfrute utilitarista, quando a Natureza é sugada nos Acampamentos, como se estivessem todos aos limites de uma overdose de oxigênio mais puro. E depois? Todos voltam para um estilo de vida pesado, com pouquíssima qualidade, e sem nenhum compromisso com a sustentabilidade.

Ensinar sobre adoração ao Criador, especialmente nestes dias, deve passar por programas que - didaticamente - cuidam do Planeta. Afinal, a Bíblia começa com um Jardim e termina com a restauração dele. O que há entre eles é uma história onde a Natureza geme, e não podemos acrescentar sofrimento a esta agonia, enquanto aguardamos a Redenção. 

A Natureza não pode ser matéria apenas para cantorias e homilias. A Igreja deve ter seus Contentores de Coleta Seletiva. Ela deve desenvolver, sobretudo com as crianças, programas de "escoteiros/adoradores", quando a Bíblia, o Criador, a Criação e a humanidade se encontram em cuidado mútuo. E assim, com mais cuidado sustentável devia pensar seus encontros.

Por quê? 

Porque é uma maneira de honrar o Criador. Faz tanto gosto quando somos elogiados por algo de bom, que fizemos. O Deus Criador, deleita-se na adoração.

Tornou-se urgente, porque aquela mensagem de o mundo vai de mal a pior, já é uma realidade. Já não precisa ser pior do que está, para que nossos filhos e netos, tenham dificuldades em respirar - função básica que já não é possível, com qualidade, em muitos lugares.

Nossa vida na Associação Cascatas, inspirada em L'Abri de Francis Schaeffer, fundamenta-se em gigantes tão humanos, que souberam ter um olhar holístico. Schaeffer bebeu de Hans Hookmaaker, Hookmaaker já havia bebido de Herman Dooyeweerd, e Dooyeweerd de Abraham Kuyper. 

Eles sempre acreditaram nas ciências como ferramenta para discernir e perscrutar a Criação. Eles viam Jesus em todas as coisas. 

"Não há um centímetro quadrado em todo o domínio de nossa existência humana, sobre a qual Cristo não clama: "É Meu!" (Abraham Kuyper)

Onde o mundo vai parar sem o cuidado da Natureza já sabemos. E a Igreja? Onde vai parar, se apenas pregar, mas deixar de cuidar do Planeta? 

Se a Igreja quiser ter sua voz ouvida, sem necessariamente compactuar-se com "movimentos ecológicos" que adoram a criação, e cair na graça do povo, deverá transitar em práticas sustentáveis.

Aliás, não é apenas para evitar o perigo de ser irrelevante em sua mensagem, mas sim, por consciência de uma cosmovisão de responsabilidade, diante do Criador e de Sua criação. 

Não podemos fazer isto como aquelas igrejas que dão cestas básicas, e só renovam a ajuda se as pessoas "se converterem". Não. Não pode ser apenas naquela visão mais utilitarista que evangelista. 

Falando em cestas básicas, as nossas ações de sustentabilidade deveriam passar por ajuda humanitária. Não podemos cair na armadilha de que os animais, especialmente aqueles ameaçados de extinção, são mais importantes que o próprio ser humano. 

Apoiar programas que recolhem produtos no limite do vencimento, e transformá-los numa ajuda imediata, por exemplo.

Enfim, vamos ao primeiro-passo: trabalhar uma cosmovisão cristã, onde Cristo é o Senhor de toda a criação, cuja proposta de restauração inclina-se a ouvir o gemido da criação. E enquanto aguardamos a redenção do nosso corpo, e de todas as coisas criadas, trabalhamos e criamos estratégias sustentáveis com o Planeta, e compassivas com seres humanos. 

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Dar o que não custa nada?

O que acha de ofertarmos ao Senhor, coisas que não nos custam nada?

Davi foi recomendado a construir um altar, na eira de Araúna, o jebuseu, o qual lhe foi oferecido. No entanto, Davi não quis oferecer ao Senhor algo que não lhe tenha custado.

Davi também não queria oferecer algo que pertencesse a outra pessoa, e podia fazê-lo na qualidade de rei. E não oferecer algo que não lhe custasse o preço justo (1 Cr. 21:24-25).

O que aprendemos com isto?

1. A oferta ao Senhor, algumas vezes, pode estar relacionada com uma atitude de renúncia e investimento.

2. A oferta ao Senhor não pode ser "emprestada" de outra pessoa, no sentido de custar aos outros, e não a nós. A oferta deve ser originalmente pessoal.

Sendo assim, precisamos de uma atitude de fé, para além de um coração abnegado.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Eleições Americanas: Uma Opinião Tupiniquim

Interessa a alguém opinião de um brasileiro que vive em Portugal? Se interessa ou não, o que sei é que os missionários brasileiros cá na Europa estão a sofrer muito, por conta do aumento do Dólar frente ao Real, e consequentemente pagamos por volta de 7 reais cada Euro.

Quem Deus vai usar para o benefício da obra missionária? Antes deveria ser o Trump (ou ainda será?), mas agora temos o Biden pela frente. 

É inevitável pensar que estamos diante de um Deus que não saiu do Governo, só porque um Democrata - que, normalmente, tem agenda liberal - entrou. Aliás, ainda não entrou. 20 de Janeiro de 2021 ainda não chegou. 

A Igreja americana, e todos os apoiadores de Trump, que oraram para que ele ganhasse, precisa submeter-se a Soberania de um Deus, o qual não se escondeu neste processo. Aliás, isto fica mais evidente quando vemos uma diferença de votos tão pequena.

Outro detalhe que julgo ser importante, é que a agenda Democrata com toda a sua libertinagem, não é capaz de fazer calar os justos, que clamam dia e noite, e que não dependem de um poder político, necessariamente.

Há ainda um ponto cego, a considerar. Quem disse que a agenda Republicana é totalmente santa em suas motivações? O que está por detrás da cortinas da Casa Branca, somente o Deus que tudo vê, pode saber. Somente Ele sonda os corações.

Ainda o que poderia dizer sobre a postura de Trump, de "já ganhei"? A Bíblia diz que aquele que se exalta será humilhado, e este princípio não muda em relação as Eleições americanas. A postura apoteótica de um homem que pensa ter o controle nas mãos foi frustrada. 

Confesso que torci por ele. Em meus conhecimentos limitadíssimos julgava ser o melhor para a América, baseado especialmente pelo crivo da Economia, pois se a América cresce, os aliados podem crescer juntos. Também gostava de ver o Trump jogar limpo contra a China. 

Por outro lado, sei de pessoas muito sérias que oraram e apoiaram-no, e, (in) felizmente, não foi como pediram. 

Uma preocupação: tenho receios de um Presidente que tem o discurso politicamente correto, mas suas ações são pouco eficazes para a Economia. Neste quesito, temo que a América tenha perdido um líder e tenha escolhido um político que vai fazer de tudo para ficar bem com todo mundo, mas sem muito coisa prática.

Enfim, cabem minhas orações pela América e pelos missionários - God bless América, God bless His Mission. 

domingo, 8 de novembro de 2020

O Grito do Ipiranga

 "A montaria usada por D. Pedro nem de longe lembrava o fogoso alazão que, meio século mais tarde, o pintor Pedro Américo colocaria no quadro "Independência ou Morte", também chamado de "O Grito do Ipiranga", a mais conhecida cena do conhecimento."

Não sou contra a pintura romantizada de Pedro Américo, pois as circunstâncias que envolveram a viagem de D. Pedro, de Santos para São Paulo foram muito duras. Precisava ser uma boa mula confortável e forte, para superar terrenos tão íngremes e pedregosos. 

E para além disto, o próprio D. Pedro, com ainda 23 anos, pois os 24 só viria em Outubro, fez todo trajeto - cerca de 16 horas - em tempo chuvoso - e com complicações intestinais.

Como este quadro mais rude, mais cruel, e menos bonito, está relacionado com o quadro, "O Grito do Ipiranga" que conheci nas aulas de História, no Ensino Básico? 

Minha opinião muito pessoal é que o quadro transmite o espírito mais próximo da realidade. As circunstâncias visíveis eram delicadas, mas o espírito, a garra, a luta e a determinação correspondem a grandeza pintada por Pedro Américo. 

Outro ponto de grandeza, é que D. Pedro não queria a Independência. A Independência foi uma decisão necessária, a partir da "correspondência entregue pelos dois mensageiros a D. Pedro na colina do Ipiranga... Uma carta da princesa Leopoldina recomendava o marido prudência e que ouvisse com atenção os conselhos de José Bonifácio."

Este alerta veio depois que a Revolução Liberal do Porto reduziria o Brasil a uma posição de marionete no cenário das decisões do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Então, foi uma decisão valente e corajosa. 

Sendo assim, olho para o quadro "O Grito do Ipiranga" e sei que não retrata as circunstâncias físicas, mas sim, retrata bem o espírito daquele momento. "O Grito do Ipiranga" não foi, mas foi. 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

QI Inferior aos dos Pais pela Primeira Vez na História

Por que pela primeira vez na História, as crianças têm o QI inferior ao dos pais? 

Quais crianças, mais precisamente? Aquelas que estão inseridas na Geração Digital, conforme Michel Desmurget, em entrevista a BBC (30/10/2020). E mais exatamente por causa da Orgia Digital.

"Orgia digital?" Faz todo sentido, uma vez que as crianças são entregues aos desejos e imposições, não de si mesmas, mas do que vem de fora, e o que vem de fora, normalmente, é para alienar e subjugar. Afinal, o propósito não é o entretenimento pelo entretenimento, antes, porém, a venda e a dependência; a dependência e a venda. 

Ora, se o acesso é tão fácil, e até "involuntário", se tudo vem a nós, se há uma indústria que só quer vender e manipular, como seríamos ingênuos em pensar que não há o perigo de impurezas generalizadas, de desejos maus e da ganância, que é idolatria?

"Fazei morrer a natureza terrena: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus, e ganância, que é idolatria." (Cl. 3:5). 

Desmurget ainda afirmou que esta "orgia digital" causa diminuição da qualidade e quantidade das relações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc); perturbação do sono; distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; e o sedentarismo excesso que prejudica o desenvolvimento corporal e a maturação cerebral.

Quando li isso, quis pinçar item a item, entretanto, vi que podíamos refletir apenas, a priori, sobre o conjunto da Criação. Deus criou a família, e o ambiente de lar, diga-se de passagem. Deus criou as nossas emoções e as capacidades de comunicação. Deus criou todas as coisas, e junto delas a nossa capacidade de replicar tudo, pelas artes e pela cultura. Deus criou a noite e deseja que tenhamos um bom sono. Deus criou o nosso corpo com capacidades "elásticas" e adaptáveis de movimentação. Deus criou a nossa mente a fim de desenvolvermos uma cosmovisão mais ampla possível. 

O pecado vem para destruir toda criação, e Jesus vem para restaurá-la. A "orgia digital" serve a quem? Depende muito de como usamos, e o "como" nesta matéria tem a ver com o "quanto" também.

Falamos dos perigos da "orgia digital", e não dos benefícios que, com bom uso, podem produzir. Aliás, a virtude do equilíbrio não é apenas elucubrações aristotélicas. A virtude do equilíbrio está intimamente relacionada com o "fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, e domínio próprio." (Gl. 5:22-23)

Então, qual a sugestão do tempo de uso, baseada nas pesquisas científicas, já que a média atual daria 30 anos letivos em frente das telas, ou 16 anos trabalhando em tempo integral, antes de completarem 18 anos?

A sugestão de Desmurget é chocante: nada de tela até aos 6 anos de idade, e não mais do que 30 a 60 minutos por dia, depois desta idade, e aos finais de semana 2 horas.

Qual a pergunta que não quer calar? 

O que faremos com os nossos filhos, no restante do tempo? 

A solução não é simplesmente a proibição cega. E nem, simplesmente, mensurar a qualidade do que estão a ver. A solução é diminuir o tempo de tela e aumentar as opções saudáveis, e permitir até algum ócio, pois pode ser ambiente fértil para o desenvolvimento da criança.

Teremos mais trabalho, precisaremos usar nossa criatividade, e será necessário dedicar mais tempo com elas. Tempo de conversa, de música, tempo para sorrir, para contar histórias, tempo de caminhada, tempo de esportes, de passeio, de leitura em conjunto, etc. Parece que tudo isso, lembra-nos o discipulado.

Há um problema ainda maior. A problemática que nos ameaça de nada mudar, é que antes de limitarmos o acesso deles, teremos de limitar o nosso. Nós, pais e mães, teremos de diminuir, drasticamente, nosso tempo na frente das telas.

Estamos bem dispostos a este desafio? Ou, vamos dar as mãos aos nossos filhos, num estilo de vida pobre, que na linguagem de Desmurget é "um mundo triste, entretido em sua servidão". 

E ainda, ele cita o sociólogo Neil Postman para dizer que eles vão se divertir até a morte.

Que tipo de vida - ou morte - queremos para os nossos tão queridos filhos?

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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Pecado de Gênero?

Quando os gametas se fundem, surge o embrião, que numa situação normal, carrega os cromossomos XX ou XY.

Então, o que seria o suposto "pecado de gênero"? Afinal, o gênero será um ou será outro.

Então, seria o pecado contra a liberdade individual, de opção sexual? Quando pecamos contra esta suposta liberdade?

1. Destratar alguém por causa de sua opção sexual, e ser desumano e classificatório.  

2. Assumir o lugar de Deus e tornar-se juiz da não-absolvição de alguém, baseado em obras, pois a sexualidade é uma das inúmeras obras que praticamos.

3. Confundir soteriologia com vida cristã prática, ou simplesmente escolhas pessoais. A salvação extrapola um só item de nossa vida. 

4. Não respeitar a liberdade de expressão dos outros, num estado laico, e a opção feita por qualquer estilo de vida, ainda que não orientado pela Bíblia.

5. Diabolizar qualquer bem-feito de um profissional, somente porque ele é homossexual.

Então, como devemos agir e nos posicionar, sem pecar?

1. Amar incondicionalmente, seja quem for. 

2. Nivelar todos os homens como pecadores diante de Deus, merecedores do Seu juízo, e suscetíveis ao arrependimento, independentemente do pecado que carregam, seja escandaloso ou jeitoso. 

3. A salvação é pelos méritos de Cristo, e somente Ele, quando não mais Advogado, fará o justo julgamento.

4. Respeitar, que não significa concordar, precisa ser feito com cuidado, para que ninguém interprete amar com apoiar o pecado.

5. Quando contratamos um serviço, o nosso foco é o serviço, a profissionalidade e as qualificações. 

Enfim, somos justificados pela graça, e ninguém é condenado por um só tipo de pecado. Todos pecaram, e estão destituídos da glória de Deus. Mas, diga-se de passagem, que há direito de alguém dizer "eu sou gay", tal como há direito do outro dizer "eu não concordo".  

Senão, haverá de um lado a corriqueira acusação de "homofobia", e do outro a suposta agressividade inversa da "posiciofobia", quando somos cerceados no direito também de discordar e denunciar. 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

O Ponto Arquemediano e o Coração - Herman Dooyeweerd - VIII

Tudo começa no coração. Mas, o que é o coração? 

"O coração é o ponto de concentração de todas as funções temporais, não as emoções. As emoções são um conjunto de funções temporais, como racionalidade, como o sentido estético, e assim por diante." (Guilherme de Carvalho)

"Ponto de concentração da pessoa humana, ou o que é a essência humana, ou o que é o ponto arquemediano de todos os atos cognitivos." (Guilherme de Carvalho)

Mas, o que seria o ponto arquimediano? É o ponto de equilíbrio, para onde tudo converge. 

Arquimedes (287-212 a. C.) dizia que se a ele dessem um ponto de equilíbrio, ele moveria o mundo.

Dooyeweerd dizia ser o coração este ponto arquimediano. Ele gostava de usar o Antigo Testamento, e em especial recorria a Provérbios 4:23: "É do coração que procede todas as coisas".

Todas as coisas começam no coração, até as convicções científicas, e é por isso que elas são afetadas por pressuposições religiosas.


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Ouço Vozes!

Sou atravessado por muitas vozes. Ouvir Deus não me é uma tarefa simples. E não tenho nenhuma intenção puritana de defender Credo algum. Abro alas para a voz polêmica da minha alma.

Ouvimos Deus quando lemos a Bíblia? Será? A dúvida não recai sobre a suficiência e inerrância das Escrituras. Será que, realmente, eu ouço a voz de Deus ao ler a Sua Palavra? 

Afinal, prostro-me frente as Escrituras e aqui no meu peito continuam as vozes dos meus dilemas, e pior, a voz de um coração enganoso. Coração que está a ser re-feito conforme a imagem do Filho de Deus, entretanto, ainda encontra-se fortemente abraçado por um filho de homem.

Ouvimos Deus na contemplação da natureza? Talvez aquela voz mais geral, que revela Seus atributos e eternidade. A Sua sabedoria revelada no Ecossistema, a beleza de Sua criatividade nas muitas cores, na variedade das espécies, o Seu amor que a tudo sustenta, tal como fá-lo com os pardais e lírios do campo, e Sua grandeza e força subentendida nos dentes das feras e na fúria do mar.  Mas, isto é uma voz programada. Nós fomos treinados para ouvir esta voz. É uma voz geral. Quem a aprende a "ler", pode ouvi-la.

Será que seríamos capazes de ouvir a voz de Deus, para nossa particularidade, a partir da criação? Não achar alguma, não simplesmente aplicar algumas verdades bíblicas, mas discernir uma voz mais específica, para um momento específico que estamos a passar.

Aquela voz que Deus não fala com mais ninguém. É coisa dEle para mim. Não a ouço para sair partilhando. Até poderia ouvir numa Live, mas elas são muitas, e podem deixar-me ainda mais perturbado. 

A correria priva-nos desta voz? Não necessariamente. É mandatário parar tudo, subir o monte e aquietar-se no jardim? Nem essas reclusões garantem que ouviremos a voz de Deus. Pode acontecer. E se Ele não falar? 

Não existe um manual intocável que ensina como ouvir Deus. A Bíblia não é um manual  escrito para ensinar como ouvir Deus, necessariamente. Ela é a boca de Deus, cuja voz nem sempre é clara. 

Se Ele não falar, ouvimos a sua voz no silêncio. Ouvimos? Quantas vozes gritam dentro de mim, quando encontro-me em silêncio, e penso que ali encontrarei Deus. 

A única voz que posso ouvir agora é: "Aquieta minh'alma." Simplesmente, "aquieta minh'alma", sem a implicação em ouvir a continuação da poesia: "vai ficar tudo bem". Vai ficar tudo bem?

O que é ficar bem? Que vozes são essas? Quem disse que vai ficar tudo bem? Mas, o que é  não estar bem? O que é ficar bem? Quantas vozes, quanto engano. Deus é livre para falar e para calar. E nós somos presos aos paradigmas do "Deus disse". 

Dá trabalho ouvir a voz de Deus? Então, vou descansar, e ouvir a voz dos pássaros.

Os pássaros cantam, a alma agita-se, o coração aspira, a mente confunde-se, e finalmente ouço uma voz: "És meu filho, eu te gerei, tomo-te pelas minhas mãos, não teme." Esta voz parece fazer sentido.

"Aquieta minh'alma."

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Às Vezes, Sou "PAICRÁTICO"!

Paicrático? Surgiu de uma brincadeira da Mara, frente a uma decisão minha para o Murilo. Vi o que seria melhor para ele, ele resmungou, depois saiu, e a Mara brincou com o Thales e Jamily. 

Virou piada, no entanto, reforcei a ideia: "Quando for possível, decidimos todos juntos, democráticamente, mas haverá coisas que decidimos sua mãe e eu, e ponto final."

O tom era de brincadeira, mas sabemos que na prática nossa família funciona assim. Aliás, muitas famílias assim agem. 

Há coisas que abrimos para os nossos filhos decidirem, e é saudável ouví-los, e até abrir-mão de alguns desejos nossos. No problem. Há espaço para a democracia.

Por outro lado, há coisas que - num ato de aparente sensibilidade - evitamos alongar as conversas, e possíveis questionamentos. Ou, se ouvimos, não é para mudar a decisão. Nada democrático? Antes sim, "Paicrático!"

Até porque o mundo não tão democrático assim. Cada vez mais, a tendência são as polarizações. 

Na verdade, o próprio Mercado de Trabalho, as lutas entre as classes, a própria vida em si, não é tão democrática assim. Existe um discurso de igualdade social, de igualdade de oportunidades, e até de liberdade de expressão, mas é só discurso. Cada vez mais as pessoas rotulam, manipulam, cerceiam a liberdade. 

O mundo é impiedoso, e está a espera de nossos filhos. Não podemos soltá-los como "franguinhos desesperados" ou "gatos mimados". 

É em casa que precisam ouvir os primeiros, e muitos "nãos", e ainda reconhecerem limite e respeito.

Exemplos práticos?

Que horas vai dormir o pequeno Murilo? X horas e ponto. "Paicrático!"

Que horas vão dormir o Thales e Jamily, especialmente aos finais de semana? Pode ser democrático. "Pode ser".

Há outras questões mais complexas, que nem é democracia nem "paicracia". Já está Escrito. É Bíblia. Se houver "paicracia" é do nosso Deus e Pai. 

Estas "coisinhas" prepara-os para o mundo? Certamente.

Enfim, vamos ser firmes quando é necessário sê-lo. Boa gestão de sua "paicracia".

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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Emanuel e Maranata

Emanuel - Deus conosco! Que privilégio ter Deus a habitar entre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Senhor. 

Jesus é o Emanuel porque assim é chamado (Mt. 1:23), mas também o é porque Ele é o Deus que "tabernaculou-se" entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos  a sua glória, glória como do Unigênito do Pai (Jo. 1:14). 

O que Deus habitar entre nós? 

Significa habitar com aqueles que têm o coração contrito e humilde de espírito (Is. 57:15). Isto implica em habitar a nossa dor, pois o coração contrito tanto pode ser o coração arrependido, bem como aquele que está a ser esmagado, consumido. 

A missionária Zaza, com forte experiência na África, disse no Encontro Sepal 2020 que, uma boa compreensão da nossa humanidade, da encarnação e da Trindade, leva-nos a compreender que Deus habita a nossa dor, e seremos "transforma-dores". 

Aqueles que sofrem podem dizer Emanuel, mas podem também dizer Maranata, isto é, "Ora vem Senhor Jesus". 

Quem tem esta esperança, sabe que um dia não mais haverá dor, nem morte, nem lágrimas (Apoc. 21:4). 

Tomar consciência da "emanuelidade" de Deus é também cultivar a esperança da Sua Vinda: Maranata. 

Não é algo a ser dito apenas no fim dos fins, como no penúltimo verso do Apocalipse. É também algo dito por aqueles que estão engajados hoje, como Paulo, depois de discorrer sobre anseios e possibilidades ministeriais (1 Co. 16:22).

Enfim, alguns aprenderão a dizer Emanuel porque cultivam uma esperança cristalina e iminente do Maranata, outros aprenderão a dizer Maranata porque assumem uma consciência inabalável do Emanuel. 

Seja como for, que seja Emanuel e Maranata, Maranata e Emanuel sempre. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Halloween e a Reforma Protestante

Dia das Bruxas? Sim. O seu berço pagão foi a cultura celta, 
dedicado a lembrar os mortos, incluindo os santos (hallows), mártires e todos os fiéis falecidos, um dia antes do Dia de Todos os Santos. 

Este tal do Halloween tornou-se normal, mundo a fora. Tão normal que algumas igrejas já estão a "santificar" esta Festa, numa versão gospel. Soa-me estranho, mas não é a questão para hoje.

Para hoje podemos pensar na influência satânica detrás da Festa, já a partir de símbolos como a abóbora aberta e acesa para iluminar o caminho dos mortos, e personagens como os vampiros e zumbis. 

Não é simplesmente a influência satânica declarada, mas há a indireta também, como nos desviar da memória que jamais devíamos esquecer. 

O dia que escolheram para o Dia de Halloween é exatamente o dia 31 de Outubro, dia da Reforma Protestante. Neste dia, em 1517, Martinho Lutero fixou suas teses, contra as doutrinas e as práxis da Igreja Romana, às portas do Castelo de Wittenberg.

Lutero que era um monge e pároco, depois de ser confrontado, num retiro, por Romanos 1:16-17, que fala sobre a justiça de Deus, revelada no Evangelho, de fé em fé, viu-se verdadeiramente livre das indulgências e do clericalismo. 

Assim, solidificou a Reforma Protestante embasada em "Só a Graça, Só pela Fé, Só Cristo, Só as Escrituras, e a Glória somente a Deus".

O que isto tem a ver com o Dia do Halloween? A data, e também a postura que devemos resgatar, daqueles que protestam - corajosamente - contra as obras das trevas.

E para prostestar precisamos estar embasados, tal como os Reformadores. 

O que diz a LDB (Leis de Diretrizes e Base da Educação) no Brasil? Em seu Artigo 33º reza que o "ensino religioso é facultativo". O Estado é laico, e como tal, assim que não podemos obrigar ninguém de participar das aulas de Educação Religiosa, tal como também o é em Portugal, ninguém pode requerer a participação de nossos filhos, em atividades de cunho religioso. 

Mas, a Festa das Bruxas é uma festa religiosa? Sim. Ela trabalha diretamente com elementos de crença e espiritualidade. É uma Festa que levanta-se diretamente contra aquilo que cremos, a Bíblia, o nosso Livro Sagrado.  

“Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.” (Deuteronômio 18:9-13)

“Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos consultará os mortos?” (Isaías 8:19)

Então, os nosso filhos estão fora das atividades para notas? O que eles devem fazer são atividades que compensem a ausência deles, nestas sobre o Halloween.

Por outro lado, quero terminar com uma sugestão: Por que não podemos usar nossa criatividade, não para participar da Festa, mas para fazer trabalhos que partilhem este engano? 

Já pensaram numa arte que explore o Gólgota? O que é o Gólgota? O lugar da Caveira, onde Jesus foi crucificado. Caberia uma arte que mostre o aconteceu no Gólgota? Caveiras espalhadas pelo monte, e lá naquele lugar de morte injusta, Jesus pendurado na Cruz.

Problema? Possivelmente. O estado não é laico? É preciso muito cuidado se algo for feito. Estamos a tratar de adolescentes e jovens, que é suposto já tenham argumentos para se defenderem. 

E o que dizer de nossos pequeninos? Eles são extremamente atraídos pelo visual. Se não é prudente que eles se vistam tal como os outros, deveriam ficar em casa neste dia. Por quê? 

Porque é muito constrangedor para uma criança, quando estão todos vestidos à rigor, e ela sendo exposta a ser ridicularizada, ou simplesmente, passar vontade, sem ainda entender bem porque ela também não poderia. 

Outro sério problema com as fantasias é que elas preparam as crianças para se acostumarem com a proposta diabólica, de não fazer distinção entre a luz e as trevas.

"Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo." (Isaías 5:20)

Ah, já estava a esquecer dos "doces ou travessuras". Falamos o ano inteiro para que não façam travessuras, e então permitimos a didática contraditória da travessura, se os doces não forem dados.

É uma brincadeira que ensina chantagem maldosa, e a possibilidade em fazer o mal se não for atendido.

Enfim, precisamos fazer distinção clara entre luz e trevas. Não dá para participar e apoiar este movimento que busca suavizar o que já sabemos ser guerra.

"pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais." (Ef. 6:12)

Baseado no Livro Halloween - veneno com gosto de festa

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Teoria das Esferas - Herman Dooyeweerd - VII

A Teoria das Esferas, ou Teoria da Realidade, defende que o mundo é semanticamente plural. Ou seja, nenhuma área existe independentemente da outra, e especialmente de sua origem.

"O significado (Meaning) é o ser de tudo aquilo que é criado." (Herman Dooyeweerd) - Não há nada no mundo que não traga a essência do Criador. 

O "não-existir independentemente" está também relacionado com a sua ordem. A Palavra criadora de Deus, estabelece comandos próprios para cada área. 

Há uma ordem, e elas estão relacionadas com o mundo físico, pois tudo o que existe é físico, inclusivamente, as quantidades, o espaço, o tempo e a matéria. Não apenas a matéria. A Física moderna reconhece realidades assim a partir da energia, por exemplo.

Quando falamos de comandos próprios é o mesmo que reconhecer autonomia. Há vários níveis e aspectos próprios que não pode ser reduzido a outro aspecto. Isto é, cada esfera é autônoma, mas não independente.

Não dá para explicar tudo com alguma área específica. Cada esfera distingue-se por um núcleo. Por exemplo, o núcleo da esfera estética seria a  harmonia, da esfera lógica é a análise, da esfera física é a interação, e assim segue. (Guilherme de Carvalho)

Todas as esferas têm o seu lugar, estão relacionadas, até chegarmos a última esfera. A esfera da fé. 

Sendo assim, a esfera da fé abre e ilumina todas as outras.

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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

A Natureza Multicolorida da Realidade - Herman Dooyeweerd - VI

Há uma pluralidade de sentidos. Há uma natureza multicolorida da realidade. E o conhecimento teórico tem como papel - não definir - a realidade, mas sim descobrir a realidade.

Toda ciência entra apenas como ferramenta. O ponto arquemediano não está no próprio conhecimento, como se fosse a racionalidade a dar sentido a vida. Tratar qualquer área do conhecimento assim, desonra a Deus, é idolatria. Afinal, não existe razão enquanto substância, o que existe é a racionalidade, que é uma função do coração. E o coração é enganoso.

Por isso, Dooyeweerd defende que não existe conhecimento autônomo, porque o coração está conectado com o ídolo ou com Deus.

Quem não reconhece a sua base, e suas implicações, fica iludido. Pensa que a coisa criada é o criador.

"Sem o auto-conhecimento uma pessoa pode tratar a essência da vida humana como existência biológica e se tornar podre em termos afetivos, justiciais, estéticos, e assim por diante." (Guilherme de Carvalho)

Sendo assim, Dooyerweerd fala das "Ideias Transcendentais" - ideias espirituais que dirigem o pensamento.

Elas fixam os pensamentos teóricos em 3 pressupostos suprateóricos: 1) A coerência do sentido cósmico, captada na experiência ordinária; 2) O "ego supratemporal" que é o coração; e, 3) O "arquê" que é a fonte absoluta do sentido.

Sãos estas 3 "ideias transcendentais" que fazem a pessoa a se fixar num motivo religioso, ainda que ela não tenha consciência disto. 

Pensei num exemplo prático: Jovens que trabalham, de forma libertária, para criar um sociedade mais justa. Ou, gente que acredita na supremacia branca. O que estes opostos tem a ver com os motivos religiosos? 

Posso arriscar que a essência daqueles jovens tem a motivação num os padrões elevados de justiça, o que não deixa de ser um clamor para resolver com as próprias mãos, a dívida do pecado. Ou ainda, a busca de um padrão divino, que é mais elevado.

E no caso dos supremacistas, acreditam ser a criação perfeita. Uma distorção de quem Deus é. 

Não sabemos ao certo quais são as motivações e "justificativas-religiosas-inconscientes", mas certamente, estão lá; pois, Deus criou todas as coisas perfeitas, e pôs no homem a eternidade (Ecl. 3:11). A eternidade sempre estará lá.

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terça-feira, 6 de outubro de 2020

O Dilema das Redes

Por que estamos assustados?
É mesmo chocante ouvir que, apenas duas empresas tratam seus clientes como usuários: a das drogas e a de sofware. 

Não sabíamos ser perigoso, enfeitiçante e tendencioso? É assustador ouvir que, quando nos sentimos desconfortáveis, solitários ou com medo, usamos chupetas digitais para nos acalmar. 

É impactante saber o que está por detrás das nossas telas? É sim, horrível, saber que, os publicitários pagam pelos produtos que usamos, e nós somos a coisa vendida.

Não era suposto que assim fosse? Dentre os nossos três inimigos, Paulo afirmou que um deles é o "sistema deste mundo" (Ef. 2.1-3). E João já dizia que o mundo "jaz no maligno" (1 Jo. 5.19).

Então, vamos deletar tudo, agora mesmo? Não necessariamente. Porque quem está no maligno é o mundo, e não nós. Jesus não falou para sairmos do mundo. E temos a mente de Cristo para reconhecer que há "likes" genuínos, bem como a partilha sincera de coisas boas, cuja motivação contempla a glória do Senhor. 

Ou estaria Deus subjugado a não ser glorificado nas mídias sociais? Se assim fosse, estaríamos contaminados e condenados, e ninguém que tivesse baixado um Aplicativo poderia dizer: "Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim". 

Quem somos já sabemos. Somos astros neste mundo (Fp. 2:15). E a luz que dentro está, começa em nossa particularidade. Somos livres para fazer uso do que quer que seja, com a prerrogativa graciosa de não sermos dominados (Rm. 6:14), pois, não amamos este mundo (1 Jo. 2:12-15).

Sendo assim, precisamos tomar consciência e sérias medidas, e decidir fazer uso saudável, como ferramentas que podem ser. Ferramentas não só de trabalho, mas também de entretenimento não-alienante. 

Entretanto, segue o perigo e a necessidade de vigiar sempre. 

O Documentário da Netflix "O Dilema das Redes" é uma demonstração de que a motivação era a melhor possível. Justin Rosenstein, criador do "like" no Facebook, admite que a sua intenção era promover a interactividade entre as pessoas. No entanto, hoje revela uma séria disfunção psicológica daqueles que se permitem deprimir, porque não obtiveram os "likes" que esperava, ou de quem os esperava. 

Tristan Harry, ex-especialista em design do Google, admite não haver neles, a mínima preocupação com a verdade, porque a causa é o dinheiro, ainda que seja preciso provocar a condição de distopia, quando os extremos são ainda mais polarizados, e as pessoas ficam sujeitas ou a anarquia, ou a uma escravidão impiedosa. 

É triste saber que quem define o que um adoslescente vai comprar, num bairro pobre de qualquer submundo, são as empresas que estão no Vale do Silício, na Califórnia - Facebook, Snapchat, Twitter, Instagram, YouTube e outras.

Não é novidade que haja manipulação a partir de algoritimos inteligentes, cuja função é de nos prender e aproveitar-se da nossa vulnerabilidade. E pior, da vulnerabilidade de nossas crianças. 

O que devemos fazer como família? Precisamos criar uma cultura do "offline-criativo", o que dá mais trabalho.  

O que fazer com as nossas crianças? Mais que limitar horário, e verificar o que estão assistindo, o que é importante, precisamos também assistir e jogar junto com eles. E melhor ainda, dar alternativas de coisas boas, inteligentes e edificantes. 

Coisas que vão exigir mais da nossa atenção, como jogos de tabuleiro, e o resgate daquelas brincadeiras mais antigas, de cantigas, danças e jogos. Estas saídas criativas que vão exigir até melhores condições físicas, e menos ostracismo. 

E o que fazer comigo mesmo? Ser a referência de quem não se deixa dominar, ainda que sob o pretexto de responder importantes mensagens. Algo mais: auto-exame das motivações ao abrir, asceder, curtir, responder.

Onde a Igreja em tudo isto? Vai utilizar as ferramentas para alcançar os outros e abençoar os seus, mas sobretudo, irá refletir a saúde de gente que usa a tecnologia, é usada por Deus, e não é simplesmente usuário.

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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Crianças para Cristo - Casal Schaeffer


Conheci Francis Schaeffer ainda no Seminário, através dos livros, e nestes últimos anos com a visita a L'Abri Inglaterra. As pesquisas sobre a sua obra e teologia continuam, e uma das coisas mais incríveis que descobri vem antes de L'Abri. 

Quando Schaeffer era pastor de uma pequena Igreja na cidade de Grove City, Pennsylvania, eles começaram a trabalhar com as únicas 4 crianças matriculadas na Escola Bíblica Dominical. Dentro de pouco tempo eles chegaram a reunir 170 crianças na Escola Bíblica de Férias. 

A partir desta experiência tornaram-se líderes do Movimento Crianças para Cristo. Um movimento que despertava a evangelização, não apenas das crianças, mas que desafiava pastores e igrejas.

Susan Schaeffer Macaulay, uma dos filhos do casal, escreve o livro "For the Children's Sake", no qual desafia crianças, pais e professores a viverem o significado da vida humana e da vida cristã. Ela também deixou um Tributo a sua mãe Edith Schaeffer:

"Minhas primeiras lembranças mais claras estão em St. Louis, durante a Segunda Guerra Mundial. Minha mãe fez um lar aconchegante e segura para nós... cozinhando refeições maravilhosas em uma cozinha, onde eu ficava curtindo rajadas de música enquanto cantávamos no rádio. Alguns dos refrões que cantamos então, e nas aulas para crianças que davam em nosso porão depois da escola, cantamos juntos até o fim verão. Naquela cozinha de infância, lembro-me da atmosfera calorosa e alegre enquanto cantávamos e ela até girava em uma dancinha! Na igreja, ela sempre apontava as palavras do hino livro... e ela e eu, quando juntos, ou ao telefone ao longo de sua longa vida, continuaríamos cantando ao Criador, Salvador e Senhor. Uma de suas favoritas, cantada com gosto, ela lideraria as sessões da Escola Bíblica de verão em St. Louis. Lembrei-me daquele entusiasmo contagiante pego por todos os 500 de nós, crianças lá, enquanto cantávamos “Quando os santos vão marchando ... Senhor,quero estar nesse número, quando os santos entrarem marchando."

O que podemos aprender deles?

1) Era uma família alegre que desfrutava de um clima aconchegante.

2) A vida comum do lar estendia-se para a vida de Igreja.

3) A vida de Igreja não ficava lá. Ela vinha para casa em forma de cânticos e temor.

4) Havia um investimento de evangelismo e discipulado nas crianças do Bairro. 

5) Possivelmente, a filosofia de "Respostas Honestas a Perguntas Honestas" de L'Abri, tiveram sua origem do relacionamento com as crianças. Por quê? Porque são elas que nos fazem perguntas honestas, e das mais complexas. E mesmo aquelas que parecem simples e desnecessárias, fazem-nos pensar naquilo que ainda não pensamos. 

Enfim, antes da vida na Igreja, há a vida do lar. Antes das elubrações filosóficas e das questões mais delicadas da teologia, o nosso coração devia ouvir as crianças. 

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quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Ilusão Construtivista? Herman Dooyeweerd - V

Tive uma professora de Linguística na Universidade, que argumentava de maneira tão convincente, que era difícil não passar a pensar como ela. Uma de suas teses era que tudo o que vivemos, não passa de uma construção social, inclusivamente condições biológicas, como amamentar. 

Também foi muito desenvolvido a ideia de que só existe alguma coisa a partir da projeção que eu faço dela. Ou seja, o significado de qualquer coisa depende da resignificação que eu atribuo a cada coisa.

Dooyeweerd, por outro lado, defende que o sentido das coisas não depende desta resignificação ou projeção que fazemos delas. 

O significado das coisas não é definido pelas próprias coisas, nem da projeção que o sujeito faz. Todo sentido vem de Deus, e na relação com Ele e com as coisas é que descobrimos o sentido que ali já existe.

O nosso papel e a função das ciências no geral, não é formular e dar significado a nada, mas descobrir o que é intrínsico, o que já existe.

Por quê? Porque Deus criou todas as coisas perfeitas, e com com um propósito bem claro e definido. 

(Obs.: considerações feitas a partir de uma Palestra de Guilherme de Carvalho, de L'Abri Fellowship Brasil, sobre Dooyeweerd)


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terça-feira, 22 de setembro de 2020

A Relação entre Filosofia e Teologia - Herman Dooyeweerd - IV

A relação entre a Teologia e a Filosofia, para muita gente, não traz conflito de pensamento, porque a tendência são as polarizações. Ou a Teologia será mestra, ou será rejeitada. 

Que vê a Teologia acima, olha para Filosofia como um serva da Teologia, ou simplesmente como desvios heréticos.

Afinal, qual o lugar da Teologia?

Herman Dooyeweerd e Cornelius Van Til que eram editores da Revista "Philosophy Reformata", a qual defendia os princípios do neocalvinismo, pensavam de forma um pouco diferente.

Embora Van Til tenha sido influenciado por Herman Dooyeweerd, ele diverge sobre o lugar da Teologia. 

Dooyeweerd defendia que a Teologia e a Filosofia têm a mesma raiz, e uma não se sujeita a outra. 

Van Til acreditava que embora a Teologia e a Filosofia estivessem misturadas, a Teologia estaria num grau acima da Filosofia. 

Bem, não é tão simples assim. Não podemos concordar ou discordar de Dooyeweerd, sem antes entender a sua linha de raciocínio. 

E antes de mais nada, precisamos distinguir entre Teologia e Bíblia. A Bíblia é a Palavra de Deus, a Teologia é uma área do conhecimento, um objeto de estudo.

Por que a Teologia e a Filosofia estariam em "pé-de-igualdade relacional"? Porque para Dooyeweerd a base de todo conhecimento e de toda ciência é o conhecimento religioso, em seus pressupostos, no que diz respeito a busca existencial de Deus. 

Qual é o ponto de partida de Dooyeweerd? 

Há uma inclinação natural para Deus. Faz parte da essência humana inclinar-se para Deus. "Deus fez tudo apropriado e a seu tempo, e por a eternidade no coração do homem." (Ecl. 3.11).

O que é isto? Tudo está afetado por esta inclinação, e todo saber humano é por isso afetado. Este é o saber religioso, que a tudo serve de base. 

Neste sentido, a base do saber religioso é que abarca todo conhecimento, inclusivamente a Teologia e Filosofia. 

Sendo assim, a Teologia e a Filosofia trazem em sua base as inquietações e limitações do saber religioso. Eles relacionam-se entre si. 

Nenhuma é mais importante, porque cada qual está designada ao seu propósito, o qual não foge a criação de Deus. 

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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A Influência sobre Schaeffer - Herman Dooyeweerd - III


Há muita coisa em L'Abri que lembra Dooyeweerd? Há sim. A resposta positiva não é uma referência aos que o estudam hoje, como Guilherme de Carvalho do L'Abri Brasil e Josué Reichow do L`Abri Inglaterra, dos quais eu mesmo tenho "bebido", com muita gratidão. 

A nossa referência vai para Hans Hookmaaker (1922-1977), o qual tornou-se membro de L'Abri Suiça, e mais tarde com sua esposa Anky começam o L'Abri Holanda, depois de fundar o Departamento de História da Arte na Universidade Livre de Amsterdã.

Qual é a relação entre Francis Schaeffer, fundador de L'Abri, Hans Hookmaaker e Herman Dooyeweerd? 

Schaeffer bebeu de Hookmaaker, Hookmaaker havia bebido de Dooyeweerd, e Dooyeweerd de Abraham Kuyper. Ou seja, o neocalvinismo holandês foi fundamental para o desenvolvimento da cosmovisão de Francis Schaeffer. 

Penso que isto explica, em parte, porque Schaeffer resolve romper com uma linha mais radical do calvinismo, que pouco dialogava com as outras áreas. Aliás, pouco tolerava as tendências diferentes pós-iluministas. 

Schaeffer, então por influência de Hookmaaker, passa a olhar para as Artes, não como uma afronta a Deus, mas sim como uma expressão do que ainda resta de Deus no ser humano. 

A humanidade não precisa ser anulada, mas precisa ser liberta e reorientada. 

"A Arte não deve ser usada para mostrar a validade do Cristianismo; deveria ser o contrário. A Arte é uma forma de mostrar o seu júbilo diante da face de Deus." (Hans Hookmaaker)

"A Arte é o reflexo sobre a criatividade de Deus, uma evidência de que somos feitos na Imagem de Deus." (Francis Schaeffer) 

Esta cosmovisão da Arte, e das Ciências em geral, está intimamente ligada com a "Soberanias das Esferas" de Dooyeweerd, a qual nivela todos os campos do conhecimento com base numa razão religiosa. 

"O coração do homem rebelou-se contra a sua origem divina; a humanidade imaginou ser algo em virtude de si mesma. A humanidade buscou a si mesma e, com isso, buscou a Deus dentro da temporalidade." (Herman Dooyeweerd)

O que podemos concluir?

Tudo que o homem faz de bom, não poderia vir senão do Pai das Luzes, de onde emana toda boa dádiva.

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sábado, 19 de setembro de 2020

O Beijo a Partir de Herman Dooyeweerd? - II

Dooyeweerd bebeu de Abraham Kuyper. A cosmovisão cristã do neocalvinismo de Kuyper, influenciou fortemente a Herman Dooyeweerd. 

A convicção de que todas as coisas são "dEle, por Ele e para Ele", influenciou todas as áreas do conhecimento. Cristo tem o governo sobre todas elas.

E por isso mesmo, todas as áreas são transversais. Elas estão relacionadas entre si, em pé de igualdade. Nada é mais importante, a não ser o próprio Cristo. 

Vamos ilustrar com o beijo, conforme ouvi na Lecture I sobre Dooyeweerd, de Josué Reichow in L'Abri. Imagine se o beijo fosse analisado somente a partir de uma perspectiva química e anatômica. O que seria? Seria a troca de saliva entre duas pessoas, quando os músculos da língua se exercitam. 

Acho que o beijo dentro desta leitura não é nada interessante. 

Aliás, vale a pena ouvir as Lectures de Josué. Na terceira sobre Dooyeweerd ele transita sobre o café, e quanta coisa o envolve. 

Por que estes exemplos são pertinentes? Porque tudo o que acontece está atravessado por tudo. Nada acontece de maneira completamente singular. Tudo depende de tudo. É assim que Cristo exerce o seu Governo, sobre todas as coisas.

Por que fragmentamos? Porque parece dar mais jeito para estudar. Entrentanto, cada vez mais sabemos que todas as coisas tocam uma nas outras. Por quê? Por que Cristo as criou para sua glória, e refletem o seu caráter. 

Uma Pitada de Abraham Kuyper e o NeoCalvinismo

Abraham Kuyper (1837-1920) foi um estadista holandês, muito respeitado e influente, diga-se de passagem, para além de teólogo e filósofo. Ele fundou, em 1880, a Universidade Livre de Amsterdã.

Ele é considerado o "pai do neocalvinismo". O que isto significa? Ele rompeu com os princípios da Reforma Protestante? De maneira nenhuma. 

O que ocorreu é que precisava ser relevante para a sua geração na Europa. Uma geração pós-iluminista, após a Revolução Francesa. 

As questões de sua época, precisamente na Europa, já não tinha a mesma configuração que na época dos reformadores. Seria adaptar as mesmas verdades para outras perguntas, ou as mesmas respostas a perguntas que estavam a ser feitas de maneira diferente. Adaptação!

O que Kuyper faz, é manter os princípios da Reforma Protestante, mas já não de forma a protestar, no sentido de "meter o dedo no nariz". Ele seguia a protestar, mas numa postura mais argumentativa e dialógica. 

Ele foi fundamental para desenvolver uma "cosmovisão cristã" cuja convicção era:

"Não há um centímetro quadrado em todo o domínio de nossa existência humana, sobre a qual Cristo não clama: "É Meu!"

O que aprendemos com Kuyper? 

Precisamos discernir o nosso tempo, a nossa geração. 

O caminho é manter a mensagem, mas contextualizá-la, no sentido de transmiti-la com a relevância e pertinencia que tem. 

A nossa preocupação é com os falsos profetas sim, mas nem sempre o problema são os falsos profetas. 

Grande parte do insucesso da Igreja fica no mérito de pregadores que não comunicam de maneira clara e relevante. 

Talvez outro grande problema é a falta de cosmovisão cristã. Aquela postura de que o Domingo é do Senhor e a Segunda-feira é minha. O dízimo é do Senhor, e o restante é meu. A Igreja é do Senhor e a casa é minha. A Bíblia é do Senhor, mas os livros são humanos. Há músicas sacras, e as outras são do diabo. O prazer no Culto é do Senhor, e os outros prazeres não cultuam a Deus. 

Enfim, Abraham Kuyper desafia-nos a ver todas as áreas da vida sob o domínio de Cristo. 

A vida assim fica mais completa.Viva a vida toda para a glória de Deus! 

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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Uma Pitada de Herman Dooyeweerd - I

Herman Dooyerweerd (1894-1977) foi um jurista holandês, de vocação filosófica, que defendia o diálogo nivelado entre todas as esferas do conhecimento, das artes à economia, da igreja às empresas, da cultura à justiça, das relações sociais ao governo.

Todas as áreas são igualmente importantes, porque foram criadas por Deus, e requerem o governo de Cristo, igualmente. 

Dooyerweerd defendia que todo pensamento filosófico é fundamentado em pressuposições teológicas, ainda que inconscientemente. Há uma direção concêntrica, fora do próprio pensamento. 

Conforme Dooyerweerd, Emanuel Kant na Crítica da Razão Pura, quis lançar a base da transcendência entre o "conhecimento a priori" e o "conhecimento empírico". Dooyeweerd diz que este "conhecimento a priori" está relacionado com o impulso religioso. Ou seja, há um "conhecimento a priori" antes do suposto "conhecimento a priori".

O que é isto? É o "ego pensante" que transcende a si mesmo em busca de Deus, e vai achá-lo no próprio Deus ou em outro deus qualquer.

O "ego pessoal" em conexão com outros egos é governado por um espírito, ou a "dynamis" do Espírito, ou um espírito apóstata. As duas humanidades estão em guerra o tempo todo, em todas as áreas.

Sendo assim, podemos dizer que Dooyerweerd defende a visão holística de toda criação, e que a queda não tirou do homem o anseio pela eternidade. E que em resposta a esta inclinação, ou ele perde-se em si mesmo, ou encontra o governo de Cristo. 

sábado, 12 de setembro de 2020

Adiafa - um Pentecoste Português

Adiafa, do árabe, "hospitalidade, banquete" tornou-se uma festa tipicamente portuguesa, que acontecia depois das vindimas, e que se estendeu aos trabalhadores da apanha de pêra, maça e outros frutos. 

Lá andei com meu filho Thales por alguns dias, e no final o convite para a Adiafa.

Lembrei-me do Pentecostes, porque a razão cultural do ajuntamento é a mesma: celebrar os dias da Colheita. 

Não pára por aí. Assim como no Pentecostes, havia várias Línguas: Francês, Inglês, Português, Criolo, e o Brasileiro (como dizem eles), que não podia faltar. 

O que mais haveria de comum entre o Pentecostes narrado por Lucas, e a Adiafa narrada por mim?

Havia muita gente boa, cheia de muitas coisas de Deus, mas que não o reconhece em seus caminhos, necessariamente.

Também havia cá e lá, gente com um coração ardente por partilhar o Evangelho.

O que mais? Gente que parecia embriagada por razões diferentes. Algumas de tão cheia de Deus, e outras de tão cheia do fruto da videira.

Algum coração disposto a pregar Jesus? Sim. Entretanto, bem disposto a respeitar a cultura, ouvir e aprender, criar conexões, andar no caminho da pré-evangelização, e a marcar um comportamento que brilha nas trevas, que deixa perguntas por onde passa. 

O Espírito Santo não foi derramado como no Pentecostes, mas certamente estava lá na Adiafa, da terra do Bom Vento em Carvalhal, sutilmente, a iniciar ou dar continuidade na obra que veio fazer.

Ora, no Pentecostes, ora, na Adiafa, mudam-se os trabalhadores, mas o Espírito é o mesmo.

sábado, 15 de agosto de 2020

Amigo Estou Aqui!

"Amigo estou aqui!" É uma expressão que nos remete a "Toy Story". Que roteiro incrível! Lembrei-me do filme porque fiquei emocionado hoje, de forma inesperada, ao ler a carta de Paulo a Filemon. Que história incrível!

Vi GRATIDÃO: "Sempre dou graças ao meu Deus, lembrando-me de ti nas minhas orações," (1.4).

LIBERDADE: "...embora tenha em Cristo plena liberdade para te mandar o que convém," (1.8).

TRANSPARÊNCIA: "todavia, prefiro rogar-te por esse teu amor, sendo eu como sou..." (1.9).

RESPEITO: "mas sem o teu consentimento nada quis fazer..." (1.14).

APELO CONSTRANGEDOR: "Assim pois, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo." (1.17)

CONFIANÇA: "Escrevo-te confiado na tua obediência, sabendo que farás ainda mais do que peço." (1.21)

ACEITAÇÃO: "E ao mesmo tempo prepara-me também pousada, pois espero que por vossas orações vos hei de ser concedido." (1.22)

ESPAÇO PARA OUTROS: "Saúda-te Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus companheiros." (1.25)

Penso que temos aí alguns ingredientes fundamentais de uma boa, profunda e rara amizade. 

Estes itens vão combater a vergonha e certos receios desnecessários a amigos. 

Também opõe-se a libertinagem e o uso egoísta da amizade. Joga as dúvidas ao chão. E não permite sufocar o outro com exclusivismo.

Ao contrário, cria um porto seguro que faz muito bem ao coração. 

terça-feira, 28 de julho de 2020

Mais Pequeno?

Cá nas terras de Camões não é errado falar "mais pequeno", mas jamais podemos tratar algum desconhecido na 2a pessoa do singular. "Te, ti, contigo" é para os mais chegados.

Falar "na cara" o que é preciso é natural, mas ralhar seria suposto somente com quem cometeu alguma asneira.

Por esses dias estava numa fila, que os mais alguns ainda chamam-na de bicha, e vi um "senhorinho" a chamar a atenção a outro mais jovem. E não foi motivo de briga. Eles dizem o que deve ser dito, depois conversam como se de nada tivessem discordado. Admiro como separam tão bem o que é, e o que pessoal.

Sabemos que num país continental como o Brasil, deparamos com muitos "Brasis". Mas, atenção! Não é diferente em Portugal. Não comparamos o tamanho geográfico, mas há muitos "Portugais" coladinho um ao outro.

Estou a ver isto na Aldeia para onde mudamos. Aliás, Aldeia não é de índio. Refere-se ao que conhecemos como aqueles antigos vilarejos.

A começar do pão e do peixe entregues a porta. E depois as pessoas são mais relacionais.

Até o clima muda dentro de poucos kilometros. As serras de Sintra trazem uma temperatura mais amena, e por causa do mar, as Caldas da Rainha tem um frescor próprio, mas entre uma e outra passamos por Lisboa e, normalmente, é mais quente. Mas, se subimos para Castelo Branco, de onde escrevo, pertinho da Espanha, aí sim precisamos de "ventuinha" e água fresca.

Aliás, fresco é gelado. O fresco de frescor é frescura. Frescura que não diz respeito aquela pessoa manhosa, cheia de "mi, mi, mi".

"Enfim", serve apenas para terminar um texto, porque o mundo a ser descoberto, para além dos 2 anos, ainda segue quase inexplorado.

Até mais ver! Passe bem!