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domingo, 8 de novembro de 2020

O Grito do Ipiranga

 "A montaria usada por D. Pedro nem de longe lembrava o fogoso alazão que, meio século mais tarde, o pintor Pedro Américo colocaria no quadro "Independência ou Morte", também chamado de "O Grito do Ipiranga", a mais conhecida cena do conhecimento."

Não sou contra a pintura romantizada de Pedro Américo, pois as circunstâncias que envolveram a viagem de D. Pedro, de Santos para São Paulo foram muito duras. Precisava ser uma boa mula confortável e forte, para superar terrenos tão íngremes e pedregosos. 

E para além disto, o próprio D. Pedro, com ainda 23 anos, pois os 24 só viria em Outubro, fez todo trajeto - cerca de 16 horas - em tempo chuvoso - e com complicações intestinais.

Como este quadro mais rude, mais cruel, e menos bonito, está relacionado com o quadro, "O Grito do Ipiranga" que conheci nas aulas de História, no Ensino Básico? 

Minha opinião muito pessoal é que o quadro transmite o espírito mais próximo da realidade. As circunstâncias visíveis eram delicadas, mas o espírito, a garra, a luta e a determinação correspondem a grandeza pintada por Pedro Américo. 

Outro ponto de grandeza, é que D. Pedro não queria a Independência. A Independência foi uma decisão necessária, a partir da "correspondência entregue pelos dois mensageiros a D. Pedro na colina do Ipiranga... Uma carta da princesa Leopoldina recomendava o marido prudência e que ouvisse com atenção os conselhos de José Bonifácio."

Este alerta veio depois que a Revolução Liberal do Porto reduziria o Brasil a uma posição de marionete no cenário das decisões do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Então, foi uma decisão valente e corajosa. 

Sendo assim, olho para o quadro "O Grito do Ipiranga" e sei que não retrata as circunstâncias físicas, mas sim, retrata bem o espírito daquele momento. "O Grito do Ipiranga" não foi, mas foi. 

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