Um ano novo traz desafios novos, ou melhor, desafios antigos que se envelheceram nos quartos escuros de nossas memórias. Daí, queremos resgatá-los só porque eles ainda estão lá.
Isto acontece com as práticas mais saudáveis, desde o que comer ou não até o plano de leitura bíblica anual. Também pode acontecer com algum ministério, o exercício dos dons, e alguma missão específica.
Não fazemos assim com alguns "desafios missionais"? Tiramos-lhes o pó e pensamos: "Agora, vai!"
A pergunta é: "Precisa mesmo ir?"
Se sim, vem-nos então, uma outra pergunta: "Como?"
O nosso fazer, o nosso "como" missional, precisa estar atrelado aos conceitos de pertinência e relevância.
Responder à relevância talvez seja mais fácil porque tem a ver com aquilo que é de fundamental importância. Por outro lado, pode ser uma questão capciosa porque tende nos esconder nas generalidades.
Já a nossa resposta àquilo que é pertinente talvez seja um pouco mais desafiador porque toca em algo que vem a propósito, que é apropriado para aquele momento. Não é só ter um propósito, é saber se é praticável, se é aplicável, se tem fluidez naquele tempo e lugar, e ainda, com aquelas pessoas.
Qual é a nossa missão para 2024?
Não vale responder com linhas gerais, com aqueles versículos que cabem a todos. Já sabemos que devemos buscar o Reino em primeiro lugar. Já sabemos que devemos cumprir o nosso ministério, cabalmente. O que, entretanto, podemos não saber é como fazer isto fluir a contento.
Será que não estamos ultrapassando o limite da perseverança para a teimosia?
A resposta, portanto, precisa ser mais pessoal. O que eu estou a fazer é de fundamental importância? Repito: não em linhas gerais.
"Ah, estou a evangelizar os meus vizinhos!" Isto sempre será de fundamental importância, entretanto, o tempo que me dedico a eles é o que realmente preciso fazer neste momento da minha vida, ou há outro caminho? Estou a atender com as melhores estratégias?"
Vai aqui um exemplo bem particular. Vivemos numa Aldeia em Portugal, Mouraria, uma antiga Vila dos Mouros. O que se desenvolveu aqui há tantos séculos? A cultura do cultivo, da horta, das galinhas, das cabras etc. Isto explica porque temos galinhas poedeiras, duas cabras e horta.
Não haveria relacionamento algum neste contexto não fosse por aí. Não haveria assunto, não haveria conversa.
Por outro lado, gerimos uma Casa de Hospitalidade com ênfase em Cuidado Integral. Então, não podemos passar todo o nosso tempo a cuidar da terra e dos bichos.
Precisamos conjugar o tempo na horta com a nossa própria aorta, e a aorta daqueles que passam por nós.
Estou a escrever e ao mesmo tempo a pensar: "Se saíssemos de onde estamos, qual a carência do Reino que seria aumentada? Por que, realmente, eu preciso fazer o que faço hoje? Não há nada além? Não há outra coisa? Outra ênfase?"
Se não há outro caminho, resta-nos refletir o quanto temos tornado a nossa missão relevante (fundamental) e pertinente (praticável) onde estamos.
Não haveria uma outra maneira? O que poderia ser adaptado?
Talvez o caminho sobremodo excelente, seja começar da nossa vida pessoal? Quais as mudanças pessoais, em minha agenda, em meu "schedule", que teriam um forte impacto em minha missão?
Neste novo ano, esperamos uma nova missão, ou simplesmente, uma antiga/nova missão adaptável às demandas deste novo tempo.
Graça, misericórdia e paz para encontrarmos a fluidez que jorra do trono da graça, de maneira que inunde aqueles que nos cercam.
Texto publicado originalmente pela Revista Martureo, dia 08 de Janeiro de 2024.
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