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terça-feira, 14 de maio de 2013

Turismo Antropológico?

Existe um rio no Município de Guararema. É um ponto turístico. Eles vendem "comidinha" pra serem jogadas de cima da ponte, e lá embaixo os peixes esperam em cardume. 

Lá na fronteira entre a Coréia do Norte também tem um rio, o rio Yalu. Também tem turistas. E também tem "comidinha" para serem lançadas à distância. 

A diferença é que esses turistas fazem o chamado turismo antropológico. Eles não podem fotografar os guardas, mas registram crianças e adultos famintos que pegam os pacotes de salsicha e biscoitos e saem correndo para que eles não lhes tomem tudo.

Não tem nada de engraçado. Eu estou escrevendo depois de ter lido a Veja dessa semana (15/05/13). Estou partido, me sinto mal, sorte que estou só escrevendo e não falando porque a minha voz está embargada, vou terminar de escrever agora e vou continuar chorando aos pés do Senhor.

Pensei na minha vida. Lembrei da compra, do "rancho"... que fiz ontem. Compramos para o mês inteiro e com fartura. E lá do outro lado do mundo tem gente com palidez cadavérica esperando como peixinhos alguém lançar uma "comidinha" para ser fotografado. 

Confesso que não entendo esse tipo de turismo. Eles não fazem isso com a motivação de socorrer de verdade. Eles querem ter uma experiência inusitada.

Em que nos mexe essa situação? Tem um monte de gente do outro lado da fronteira pertinho de nós. E quando chegamos perto e fazemos alguma coisa parece mais um turismo antropológico do que genuinamente a compaixão de Cristo.

Meu Deus nos socorra da ingratidão, da insensibilidade, da mornidão, da falta de intercessão, de mãos estendidas com um pão em uma e na outra a máquina fotográfica... porque senão vidas carentes não passarão de "peixinhos esfomeados".

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