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domingo, 5 de abril de 2020

Portugal e Brasil, Ontem e Hoje (Re-leitura de 1808 - Parte VII)

"Os treze anos em que D. João VI permaneceu no Rio de Janeiro foram de fome e grandes sofrimentos para o povo português... O príncipe os havia abandonado. O país tinha sido conquistado sem luta ou resistência. Estavam entregues a própria sorte e cabia a cada um cuidar da sua própria segurança."

O arquivista real Luiz Joaquim dos Santos Marrocos decidiu permanecer no Brasil quando D. João VI retornou a Portugal, e para justificar a família disse que Portugal era o passado, o velho, as ideias antigas, o sistema colonial, a decadência. O Brasil era o novo, o futuro, a riqueza, a prosperidade, a transformação.  

Enquanto havia caos em Portugal, havia grande prosperidade - ainda que desigual - nas terras brasileiras. O que a corte portuguesa queria era sustentar-se em todo luxo possível e em troca terras, serviços, e até galinhas e ovos, ela vendia "favores" aos poderosos. 

"Em Portugal, para fazer-se um conde se pediam quinhentos anos; no Brasil, quinhentos contos", escreveu Pedro Calmon.

E, hoje?

O Brasil continua riquíssimo e desigual. E assim que vai seguir mesmo com uma possível quebra no crescimento. Mas, não vai demorar muito e retoma. Quem é podre vai continuar pobre. Os ricos vão perder um pouco, mas logo voltam a ganhar. E há aqueles que estão a driblar e reinventar-se para encontrar uma oportunidade de crescimento, e alguns deles terão sucesso, e outros vão morrer na praia. E ainda há aqueles que não poderia chamar de pobres nem de classe promissora. Eles estão apenas a tentar safar-se e manter os seus empregos.

Portugal também tem um pouco de toda esta gente, mas não podemos dizer que é um país riquíssimo. Portugal sobrevive desde os tempos em que não administrava bem os bens que explorava. 

O  perfil que desenharia do povo português hoje é de três grupos. Um grupo são os visionários. Portugal ficou pequeno para eles. Eles querem explorar outras terras, mas como os navegadores, não estão preocupados com Portugal. Há um outro grupo muito conhecido, do qual muita gente faz parte. É o grupo dos pessimistas e medrosos que chamaria de D. "Joãos". Mas, ainda há um grupo de portugueses e imigrantes que querem o bem de Portugal, e estão bem dispostos a investir nele. Estes querem descobrir novas terras, explorar novas possibilidades, mas desejam permanecer, amar e investir nesta terra. 

Estes são os portugueses. E Portugal? Portugal não é um país rico. É um país frágil e ao mesmo tempo aguerrido. Já sofreu abandono, terremoto, incêndio, recessão e agora sobre os efeitos de uma pandemia. Sofre unido e de cabeça erguida para o futuro. 

Celebrava a pouco 2% de crescimento econômico, e agora sabe que sofrerá uma dura quebra - que lembra a recessão de 2008 - mas, também sabe que será possível retomar o crescimento. 

Enfim, como definiria Brasil e Portugal numa palavra? 

Brasil - ESPERANÇA. Esta não nos deixa nunca.

Portugal - DETERMINAÇÃO. Esta insiste em sobreviver junto com o seu povo desde sempre. 

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