Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



domingo, 21 de março de 2021

Como reagir ao Sofrimento?

Qual o tipo de sofrimento que passamos?

Há o sofrimento circunstancial – todos passam. Graça e desgraça acontecem a todos.

Há também o sofrimento provocado por nós mesmos. Estaria longe de ser a vontade de Deus (1 Pe. 4.15)

E há o sofrimento por causa de Cristo. Este o sofrimento do texto em pauta.

1 Pedro  4.13-19

O texto foca no sofrimento justo, porque este é o contexto a quem Pedro escreve, forasteiros da Dispersão (1 Pe. 1.1-2).

Como agir frente ao justo SOFRIMENTO?

1. ALEGRAR-se  (13)

A conjugação no original requer um regozijo presente, constante. Não é nada circunstancial porque se trata de "regozijo", quem vem lá dentro e do Alto, ao mesmo tempo. 

Não é sorriso, necessariamente. É gratidão. 

Alegria acompanhada de “bem-aventurança” (14).

Repousa o Espírito da glória” – o mesmo Espírito que capacitou a Jesus, o qual diz aos seus discípulos que não são eles maiores que seu Mestre.

 “Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a Mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.” (Jo. 15.20)

2. NÃO SE ENVERGONHAR (16)

Capacidade de assumir a quem servimos, ainda que haja constrangimentos e perseguição.

Este não se envergonhar vem com uma atitude de glorificar o nome do Senhor. Glorificar este que é mais que palavras.

3. TEMER (17-18)

Se o julgamento começa pela purificação da Igreja, imagina o julgamento pelos pecados dos ímpios?

Aqueles que estão em Cristo receberão misericórdia. Afinal, a misericórdia triunfará no juízo (Tg. 2.13)

O temor ajuda-nos a viver de maneira a agradar a Deus. Temer mais a Deus que as circunstâncias.

4. DEPENDER (19)

É a ideia é de entregar para que alguém cuide.

Entregar a alma na prática do bem, diz o texto. Foi assim que agiu Martinho Lutero durante a Peste Negra. Ele fazia bem a sua parte, cuidava-se, e ao mesmo tempo socorria os necessitados. E assim, sabia que se Deus o poupasse seria grato, senão partiria tendo cumprido o seu dever.

Enquanto dependemos, não paramos. 

***

Qual tem sido o seu sofrimento?

Qual tem sido a sua atitude?

Alegrar-se e não se envergonhar? Temer e Depender?

***

(Partilha na Igreja OBPC de Calmon Viana aos 21.03.2021)
Instagram: @vacilius.lima

segunda-feira, 15 de março de 2021

Dura Realidade, Delicada Revisão

O que se tem dito por aí sobre os dias maus que estamos a sobreviver? 

Vai ficar tudo bem? Para quem? Onde? Como? 

Não seria tempo de voltar as Escrituras, e repensar o triunfalismo teológico suicida e assassino, que não é só de alguns segmentos evangélicos, mas se descobre naqueles que fazem a boa confissão? 

Fazer a boa confissão do Evangelho e reagir ao mal como se fosse uma invasão de um suposto Paraíso na terra é contraditório. 

Deus no comando? Sim. Mas, é uma frase agressiva aos que estão de luto. Quem está de luto não quer ouvir que "Deus está no controle". A dor não se alivia com palavras, mas sim com compaixão. 

Quem sabe que "Deus está no controle" sabe. Quem não sabe, não será convencido na hora da dor. 

E a expressão tosca: "Já deu tudo certo!"? Quem diz isto está a pensar no último capítulo do Apocalipse? Ou é mais um que, levianamente, profere palavras sem o mínimo de respeito pela dor alheia?

Até a expressão "Deus é fiel", se dita fora de hora são palavras jogadas ao vento. Aliás, esta verdade não muda, mas duvido que 30% dos que a dizem, tenham estudado e entendido o atributo da Fidelidade de Deus.

Clichês e jargões evangélicos são agressivos aos que estão de luto. Parem com isto!

"Mil cairão ao lado teu lado, e dez mil a tua direita, e tu não serás atingido" não pode ser usado nestes dias. É abusivo usar este texto, cegamente. 

"Deus é Deus de milagres!" Eu também creio, entretanto, qual é o milagre que Ele deseja fazer? Não sucumbir ao luto é talvez um milagre maior que ser poupado das lágrimas. 

Praga nenhuma chegará a sua tenda? Quando? Aplica-se a esta Pandemia? Por que então há tanta gente de Deus a morrer? 

O que é mais apropriado para estes dias? 

Honestamente? O que queremos? Queremos um Deus que sirva a todos os nossos desejos? Sim. Queremos. Mas, isto não existe. Queremos um "deus da lâmpada mágica".

Que palavras temos para estes dias? O que não queremos ouvir, porém precisamos? 

"Quem pode acrescentar um côvado a sua existência?" (Mt. 6.27) 

"Não depende de quem quer, nem de quem corre, mas de Deus em usar de misericórdia." (Rm. 9.16) 

"Porque dele e por ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." (Rm. 11.36)

É tempo de clamar para o Senhor sarar a nossa terra sim. Mas também é tempo de assumir que somos "peregrinos e forasteiros" (1 Pe. 2.11)

Quando Pedro chamou a Igreja a olhar para a Pátria celestial, ele também disse "Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse." (1 Pe.4.12)

Chegou o tempo, o kairós de Deus, para cada servo de Jesus olhar para dentro de si mesmo, e questionar-se, se realmente está em Cristo. 

Ou a nossa esperança em Cristo, se limita as coisas desta vida? (1 Co. 15.19)

E para que também esta reflexão não fique sem tato, e sem alma, a esta realidade: "Chorai com os que choram..." (Rm. 12.15). Mais do que palavras, precisamos de quem tenha alma e um coração sensível.

A maior mensagem, que ouvimos de uma amiga agora, é: "Emanuel". Bastou esta palavra, porque é mais que uma palavra. É o Deus que habita em nós, na nossa dor. Que consolo! O Deus que faz o milagre de não nos deixar sucumbir, nas dores. Ele é o nosso bálsamo!

"No mundo tereis aflições. Tende bom ânimo. Eu venci." São palavras mais que palavras. É uma referência de vida, de nosso Mestre. 

E o que podemos orar juntos? "Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos de todo mal." 

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sexta-feira, 12 de março de 2021

A Bíblia é... A Bíblia faz...

O que fazer quando a alma está em meio as cinzas? 

O que fazemos em situações onde a escuridão não nos permite enxergar um palmo à frente? 

Como agir quando o coração está sangrando? 

Como portar-se frente as incertezas desta vida? 

Baseados no Salmo 19:7-10 veremos o que a Bíblia é, por definição, e por conta do que ela é, o que ela produz em nós. 

A Lei do Senhor, a Bíblia, é perfeita. E o que ela faz? Ela revigora a alma. Revigorar é mais que um refrigério, é o bálsamo que cura.

Os Testemunhos do Senhor, a  Bíblia, são dignos de confiança. E o que produzem? Tornam os inexperientes, sábios. Quantas vezes nos falta a sabedoria de Deus para agir. E a Bíblia capacita-nos com a sabedoria do Alto.

Os Preceitos do Senhor, a Bíblia, são justos. E o que provocam? Alegria ao coração. Alegria ao coração triste, mas também ao coração apático. 

Os Mandamentos do Senhor, a Bíblia, são límpidos. E o que nos dão? Luz aos olhos. Luz que expulsa as trevas da dúvida e das incertezas. 

O Temor do Senhor, a Bíblia, é puro. E o que nos oferece? A esperança eterna porque dura para sempre. O amanhã é mais palpável e seguro sem o "des-esperar".

Por que a Bíblia tem toda esta capacidade? Porque as ordenanças do Senhor, a Bíblia, são todas elas justas e dignas de confiança. Ela é a Palavra de Deus. 

E por tudo isto a Bíblia torna-se mais desejável que o ouro puro, e mais agradável que os favos de mel. Ou seja, vale muito nela investir e nela buscar prazer. 

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Bênçãos para a Igreja na Pandemia

Bênçãos e Pandemia são em si mesmas realidades incongruentes. 

Como podemos pensar em bênçãos se todos os dias estamos a viver com o luto de pastores, de pessoas ativas e queridas? E como acréscimo da dor, nem podemos dar um abraço apertado no último adeus.

Como pensar em bênçãos se muitas igrejas estão a quebrar? Pastores estão com seus proventos prejudicados, muitos missionários padecem com o aumento do dólar e perda de algum mantenedor, as reuniões são limitadíssimas. 

No entanto, tem acontecido uma volta à essência do Evangelho, de maneira dura. A mensagem que mais nos tem consolado e, em alguns casos, a única que pode ainda nos trazer esperança é a mensagem da vida eterna. 

Não queremos olhar para a vida eterna agora. É algo interessante para "depois de amanhã". Não queremos agora porque frustra os nossos projetos pessoais e sonhos. 

De maneira tão dura, hoje estão mais claras as palavras de Paulo, quando defende a Ressurreição:

"Se a nossa esperança em Cristo se limita a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens." (1 Co. 15.19)

Nunca a mensagem da esperança por vir esteve tão viva da Igreja como um todo. "Nunca" pode ser uma "força de expressão", mas também é aplicável às nossas lembranças. 

Quando foi que a mensagem da Vida Eterna esteve tão próxima da realidade da Igreja? Em tempos de Guerra, de outras Pandemia, e na Igreja Primitiva.

A pergunta que não pode calar é: "Estamos a reagir como a Igreja Primitiva, quando ansiava profundamente pela Segunda Vinda de Jesus?"

O que eles faziam? O que muitas igrejas estão a fazer? 

Dedicavam-se às orações. As circunstâncias clamam por isso. Não mais aquelas orações que determinam, mas aquelas que se sujeitam. 

Uma postura que não mais "depende de quem quer, nem quem corre, mas de Deus em usar de misericórdia." (Rm. 9:16)

O que mais faziam eles, e nós precisamos fazer? 

Perseveravam na sã doutrina e perseverar hoje no Evangelho é um comprometimento profundo com Cristo, a esperança da glória, e enquanto esperamos pelo "ainda não" estendemos as mãos. 

Repartir os bens em forma de pão nunca foi tão oportuno, tão básico e tão necessário. 

Até o pão de casa em casa podemos partilhar, ainda que de maneira online, mas a essência não se perde. O pão continua a lembrar-nos o corpo moído e o vinho segue a chamar-nos ao sangue. Já os outros pães apenas repartimos, e esperamos comer dele juntos, ainda que seja mais tarde.

E o número dos que creem está a diminuir e também a aumentar. Diminui porque são muitos os que estão a serem chamados à glória eterna, e porque alguns estão a desistir da caminhada. Também não deixa de ser uma varredura que deixa a Igreja vulnerável e ainda mais dependente de seu Cabeça. 

Aliás, ainda que algumas igrejas locais sucumbem, a Igreja de Cristo segue porque Ele é o Cabeça dela.

E por que aumenta o número? Por duas razões. A primeira é que há maior alcance por novas estratégias e tecnologias, e a segunda é que tem caído um temor considerável sobre o povo. 

E o temor, que aliás era uma marca na Igreja Primitiva, desenvolve empatia com a dor alheia e também uma postura de alerta sobre a transitoriedade deste mundo. Não foi esta a postura exemplar de Lutero frente a mortandade da Peste Negra? 

É mesmo em meio as lágrimas que ressurge aquela esperança diferenciada: "Não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança." (1 Ts. 4:13). "Os demais" acabam por perceber a nossa esperança em meio as dores, e muitos serão chamados a não mais "des-esperar"..

Enfim, um misto de solidariedade, empatia no sofrimento, altruísmo, e esperança por vir, estão a provocar, de forma dura, uma reflexão mais profunda do papel da Igreja em sua tensão entre "o já e o ainda não".

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quinta-feira, 4 de março de 2021

O que Precisamos, Elas Também Precisam?

Não há nenhuma intenção aqui em defesa da "igualdade-cega" entre homens e mulheres. Somos diferentes. Temos aspirações diferentes. Temos necessidades diferentes. 

Por outro lado, algumas coisas não mudam do homem para a mulher, do marido para a esposa, do líder para a sua companheira de jornada. 

Faz bem ao homem ter um tempo específico para meditar e até de contemplação, sem interferências? À elas também. E, por que não?

É importante ter um dia de folga, onde não repetimos as mesmas tarefas diárias? À elas é igualmente importante.

Nós precisamos de um tempo sem o ruído de crianças? Elas de igual modo precisam. 

Até aqui não há nenhuma novidade. Se perguntarmos qual é o homem que concorda com isso, todos nós diremos que sim. No problem. 

A contradição está em não criarmos as condições adequadas para tanto. O que fazemos para proporcionar esses privilégios à elas?

Serve também para quem é dona de casa, e faz isso com todo gosto. Elas também precisam do seu dia livre. Não parcial. Mas, por completo. Nada de cozinha, nada de crianças, nada de cuidar de ninguém. E, preferencialmente, um dia inteiro por semana.

E também cabe sensibilidade, flexibilidade e ajuda mútua e voluntária, sempre. Não seria também isso o discernimento da vida comum do lar? (1 Pe. 3.7)

E nessa mesma direção precisa acontecer com períodos de Férias. 

Ou, o princípio do descanso, a partir do exemplo do próprio Deus, não lhes serve?

Podemos aplicar o mesmo princípio de privilégios como retiro pessoal, tempo de atividades física, tempo com amigas, e até presentes pessoais. 

Não cabe dar uma panela de presente no dia do aniversário. Talvez eles aceitem um acessório de presente para o carro, mas elas não deviam aceitar um acessório para a casa como se fosse para elas. 

Enfim, precisamos ser mais coerentes com as nossas necessidades mútuas mais básicas. 

Marido, como está a cuidar de sua querida, no quesito Dia de Descanso? 

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quarta-feira, 3 de março de 2021

As Oportunidades Antes. E, agora? (Portugal não é Brasil - XXXIII)

Qual a leitura correta da história? É aquela que não lê o passado, com os óculos pré-concebidos do presente. 

E assim sendo, precisamos ter algum cuidado ao falarmos desde 1822, sobre a Independência do Brasil, até chegamos aos dias entorno de 25 de Abril de 1974. 

O que era o Brasil em 1822? 

O que era Portugal em 1974?

Em 1822 tínhamos um Brasil cheio de potencial, mas castigado pela pobreza. Em 1974 também tínhamos um Portugal cheio de potencial, mas igualmente castigado pela pobreza. 

O que havia por trás das cortinas dos dois lados?

Gente trabalhadora que, amargamente, comia o pão do trabalho penoso de suas próprias mãos. 

Lá e cá também haviam os Governantes que facilitavam aos que dinheiro tinham, e penalizavam os mais pobres com severas exigências tributárias, especialmente quando alguém tinha algum possibilidade de crescimento. 

A "burro-cracia" sempre dificultou aos mais desfavorecidos. 

Seria medo em perder o controle? Seria conluio com aqueles que mais tinham?

Ouvi de um senhor idoso de minha Aldeia. Um senhor que dizia ser um "homem dos 7 ofícios", um "faz-tudo-bem-feito": "Nos anos de Salazar só quem sorria eram os Quinteiros. Os outros trabalham sem recursos, muito duro, só para comer."

Assim foi naqueles tempos. A história conta, os livros revelam. E agora? O que podemos falar das oportunidades lá e cá?

O caminho para a conquista continua a ser muito duro, mas aquele que se qualifica, adequadamente, terá alguma condição. 

E caso não tenha as oportunidades como gostaria, por estar tão qualificado, poderá encontrá-la em países onde os processos são mais igualitários e mais simplificados.

Os nossos países são lindos e valem a pena, mas se alguém desejar sair, precisará estar à altura.

Instagram: @vacilius.lima

FOTO: Monumento dos Descobrimentos em Belém, Lisboa.