Este espaço está reservado aos homens. É um "papo-cueca". E se elas derem uma olhadela, vamos "fazer de conta" que nada é com elas, e seguir firmes em nossas conversas.
Alguns podem julgar desnecessário a reflexão sobre o papel do homem no lar, uma vez que a nova geração de homens já tem uma mentalidade diferente.
No entanto, precisamos refletir biblicamente, para além das tendências culturais. Comos homens de Deus, não queremos fazer só porque todo mundo está a fazer. E nem pode ser circunstancial como na pandemia.
As sociedades que viviam da caça, desenvolveram um padrão de masculinidade machista? É natural que alguns povos sim, mais que outros.
E a Bíblia? O que mostra? A título de exemplo, podemos caminhar em Gênesis capítulo 27. Temos um Jacó, mais caseiro, que foi buscar o cabrito, mas quem cozinhou foi a mãe Rebeca. Ou seja, um filho mais protegido, e que, entretanto, nem por isso cozinhou. Seu irmão Esaú foi à caça, e ao retornar, depois de muito tempo - uma vez que o cabrito foi morto, preparado e Isaque já o havia comido - ainda foi prepará-lo para ao pai.
Longe de nós, tirarmos doutrinas da referência acima, mas podemos inferir que situações como esta se repetem. Há aqueles que saem à "caça" e ainda dão conta de preparar um prato especial, e servi-lo aos outros. E ainda há aqueles que são protegidos, dentro de casa, ajudam numa "coisita" ou outra, e apenas se servem do que os outros fizeram.
Há sociedades que levam o nome de Patriarcal, mas na prática há um regime de governo bem Matriarcal. Aliás, as sociedades mais machistas, são aquelas onde as mulheres dominam a família a partir da cozinha. Os homens fazem de conta que "mandam", e as mulheres fingem que se submetem.
E os Evangelhos? Jesus deixou alguma sugestão para o nosso tema?
Quando chegou o Dia dos Pães Asmos, onde era costume sacrificar o cordeiro pascal, o qual depois era comido, numa especial Ceia, Jesus disse: "Onde queres que vamos fazer os preparativos...?" (Mc.14:12)
Depois disso, foram os discípulos orientados, por Jesus: "...ali fazei os preparativos." (Mc. 14:15). E o verso 16 diz que eles prepararam a Páscoa.
Quem preparou o Banquete da Ceia? Quem preparou o cordeiro? Quem preparou o sacrifício e o churrasco, ao mesmo tempo? Foram os discípulos. Os homens assumiram a cozinha. Jesus não era contra? Já não haviam as mulheres voluntárias?
Falando em "churras" não foi isto que vemos após a Ressurreição à beira-mar? (Lc. 21.9-10)
E o que as Cartas Apostólicas têm a dizer? As Cartas fazem a dosagem para ninguém cair nos extremos.
Antes de tudo, é preciso relembrar que faz parte do bom testemunho cristão, a mulher que cuida bem de seu lar, e isto inclui amar o marido, cuidar dos filhos e ser boa dona de casa (Tito 2:4). Então, a Bíblia exclui os próprios filhos, e o marido, do cuidado mútuo com o lar e a casa? Não.
O mesmo texto que fala para a mulher se submeter ao homem, fala para - igualmente - cada um de nós, sermos submissos uns outros (Ef. 5.21-22).
O "juiz deixa seguir o jogo", e o que acontece mais a frente? O marido é ordenado a amar, e o texto sugere o cuidado do próprio corpo como referência. Não podemos "sacralizar", e não enxergar o dia a dia do lar, neste cuidado com o próprio corpo.
E ainda sobre o dia a dia do lar, o apóstolo Pedro diz que uma condição para sermos ouvidos em nossas orações, é dos maridos viverem a "vida comum" do lar (1 Pe. 3:7).
É verdade que, a "vida comum" sugere - originalmente - a vida sexual do casal. No entanto, quando olhamos para o verso 8 fala: "entranhavelmente misericordiosos e afáveis", e mais adiante o verso 11 diz: "...fazei o bem...".
Cooperar no cuidado da casa então, seria um ato de bondade? Parece que sim. Mas, não podemos permitir que isto seja visto como "esmola" do nosso amor.
Quando um homem é cuidadoso com a casa, ele está a fazê-lo como se fosse ele um ajudante geral? Não. Ele é o líder. Ele serve como Jesus servia. Ele torna-se a referência para os filhos. Ele lidera os filhos a serem cooperadores do lar. Os filhos olham para ele, e são desafiados a terem cuidado, a serem asseados, a não desperdiçarem nada. Esse homem é uma referência de quem ama a sua esposa, cuida dela e do lar.
A esposa olha ao redor, e só tem a agradecer a Deus, porque tem um homem em casa, que não é mais um peso a ser cuidado. Entretanto, se fosse mais um peso, ela deveria seguir focada nos bons costumes, para o bem do lar, e honra do Evangelho.
Há situações compreensíveis. Cada qual deve aplicar - sabiamente - à sua realidade. Quando há um bebezinho a cooperação é muito maior. Quando os dois trabalham fora, é muito prudente combinar como cada um pode dar o seu contributo, sem sufocar ninguém.
E ainda temos a situação da esposa, que por convicção, ou circunstância tem o dia livre para lar? É óbvio, que mesmo a mulher que deseja cuidar do lar, e só do lar, ela terá aptidões e desejos outros. Aliás, ela também terá o seu tempo de descanso, e até seu merecido dia de folga. E ainda pode desenvolver projetos pessoais, que passam por leituras, lazer, e trabalho autônomo, ainda que não rentável.
E então, querido companheiro? Vamos assumir nossa casa, como nosso lar? Vamos cooperar com o nosso lar? Vamos mudar a linguagem, e parar de falar que vamos ajudá-las, e passar a ajudar a nós mesmos, os filhos e o próprio lar, para além dela?
Devemos ser uma Equipa. Todos pelo lar, no lar de todos.
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