"Carlota, as filhas princesas e outras damas da corte tinham desembarcado com as cabeças rapadas ou cabelos curtos, protegidas por turbantes, devido a infestação de piolhos que havia assolado os navios durante a viagem. Tobias Monteiro conta que, ao ver as princesas assim cobertas, as mulheres do Rio de Janeiro tiveram uma reação surpreendente. Acharam que aquela seria a última moda na Europa. Dentro de pouco tempo, quase todas elas passaram a contar os cabelos e a usar turbantes para imitar as nobres portuguesas."
Não há nada de novo. A tendência de ditar a moda em "Milão" e o resto do mundo obedecer é uma ditadura insana.
A moda é uma arte que deve ser celebrada sem reflexão? Por que somente agora acordaram para ninguém desfilar com peles de animais? Aliás, há gente que adota um estilo de vida somente porque está na moda. Decidem ser Evangélicos porque cresce o número de artistas que o professam, assim como alguns decidem pela mesma razão apoiar o movimento LGBT. Ser evangélico, ou gay, ou usar roupas com peles de animal nivelam a ignorância contra a reflexão.
Simplesmente reproduzir não é nada democrático, porque se alguém não segue a tendência, fica de fora. A moda inclui inside the box, e consequentemente haverá um olhar crítico para quem não está a vestir as "cores certas".
A Crítica Oficial tem o seu papel, mas exercer a liberdade tanto para reproduzir como para rejeitar precisa ser algo respeitado.
As pessoas não valem mais ou menos porque vestem isto ou aquilo. O bom-senso cabe a todos, sempre, em todo canto.
E neste sentido sentimo-nos mais livres em Portugal. Há uma certa simplicidade na maneira de ser. Não vemos uma atitude de ostentação. Aliás, a tendência de ostentação do brasileiro está em muito relacionada com os artigos cuja "etiqueta" vem "de fora", ainda que seja "Made in China". Isto lembra a época de alguma Carlota?
Esta liberdade também deveria acontecer com outras escolhas. Existe uma "ditadura da oposição". Respeitar e amar aqueles que pensam diferente também deveria servir aos que defendem as minorias. A minoria pode ter voz, mas é tão agressiva quanto os xenófobos quando impõe respeito desrespeitando.
Somos livres para concordar e para discordar. O mundo seria tão saudável se cada um não fosse perseguido por suas escolhas, seja ela da minoria ou da maioria.
Deixa-me tocar num ponto polêmico. Os pais devem respeitar os filhos? Sem dúvida. A Bíblia ordena aos pais que não irritem aos seus filhos para que eles não desanimem. Por outro lado, é preciso lembrar que os filhos devem-lhes respeito e honra.
Como já disse o poeta: "Você diz que os teus pais não entendem você, mas você não entende seus pais." Percebem que é preciso haver respeito e honra? Um equilíbrio que não faz mal a ninguém.
Por outro lado, há diferença entre princípios básicos de saúde relacional e moral, e escolhas mais pessoais como uma profissão a seguir. Ainda assim, o diálogo sempre é o melhor caminho. Diálogo com o coração aberto para dar e receber.
Se assim agirmos, não cairemos nas imposições que mais castram e sufocam que trazem liberdade.
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