Estou inflamado, indignado e triste com muitas coisas que têm acontecido ao redor do mundo, e especialmente no Brasil.
Cresce em todo lado o direito de executar, de fazer calar, de matar. Sempre há uma justificativa. O mundo de hoje só não tolera os maus-tratos de animais e árvores, e ainda assim, muitas empresas, governantes e organizações trazem isto para a pauta somente para se safarem e terem ainda maiores oportunidades de "explorações legalizadas".
Quem jamais imaginou que em pleno 2023 teríamos crianças e idosos sendo tratadas como criminosos, e criminosos recebendo alvará de soltura?
Manifestantes e manifestantes. De um lado gente de bem que luta pela democracia e são esmagados, de outro lado, gente que não se aguenta no desejo de fazer justiça com as próprias mãos.
Frente a ditatura do judiciário brasileiro e as incertezas dos próximos dias, perguntamos "Senhor, restaurarás neste tempo, o Reino?" (At. 1:6)
Os discípulos de Jesus estavam ávidos por justiça, eles queriam resolver tudo naquela hora. Chega da opressão romana.
O próprio Jesus dizia para serem pacificadores porque sabia estarem o ânimo de todos a ferver frente as injustiças.
Chegamos numa bifurcação onde não há esperança de um lado nem do outro.
Não é assim que muitos confiaram no Capitão? Não é assim que muitos clamaram pelas Forças Armadas?
Não foi assim também que muitos escolheram o suposto lado do amor? Conhecemos alguns destes que queriam colocar um ponto final ao fanatismo, a um discurso intolerante com quem pensa diferente, e a intolerância só mudou de lado.
Será que não foi aqui que o Senhor da Igreja queria permitir-nos a oportunidade de perguntar: "Senhor, restaurarás neste tempo, o Reino?"
Será que o Senhor Jesus não deseja dar-nos a mesma resposta?
"Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder." (At. 1:7)
Diante das mazelas, das incertezas, e até das prospecções mais óbvias somos invadidos primeiro pelo afã que resolver na força, e depois bate uma canseira. Falta-nos boas perspectivas e o Mercado também acha o mesmo.
O que fazer?
"Homens galileus, porque estais olhando para o céu? Este Jesus, que dentre em vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o viste ir." (At. 1:11)
A partir deste momento os discípulos de Jesus começaram uma espera que é a nossa espera. De lá para cá, muitas vezes, é como se Jesus tivesse perdido o controle da história. É como se o mundo que jaz no maligno desse a palavra final.
Entretanto, o que eles ouviram naquele contexto?
"Eles voltaram para Jerusalém... E entrando subiram ao cenáculo... Todos estes perseveraram unanimemente em oração e súplicas... " (At. 1:12-14)
O que aconteceu depois, no Livro de Atos, foi uma igreja que sofreu perseguição e proclamava com poder o Reino de Deus.
Vemos uma igreja que não se calou diante das autoridades, que sofreu prisões, que não ficou inerte, mas que tinha como propósito principal proclamar um Reino futuro que trazia transformações já, cujo Rei Eterno virá para julgar vivos e mortos pelo poder de sua Vinda.
Ninguém escapará ao seu juízo enquanto hoje não escapam de sua graça.
Queridos, vamos seguir lutando pela democracia, mas não vamos perder de vistas que o Reino que proclamamos cresce mesmo em meio as perseguições e as injustiças.
"Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos no presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e do nosso Senhor Jesus Cristo; o qual deu a si mesmo por nós para nos remir de toda iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras." (Tito 2:11-14)
Segue a angústia e as implicações da pergunta: "Senhor, será hoje o tempo de restaurares o Reino?"
É tempo de vivermos o "JÁ" e o "AINDA NÃO"!
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