Caminhar com tranquilidade, sem presa, provoca em nós contemplação e a bênção de baixarmos a guarda.
"Baixar a guarda" não é vulnerabilidade? Sim. E quem disse que a vulnerabilidade é negativa?
A vulnerabilidade faz com que estejamos abertos a uma abordagem diferente.
A vulnerabilidade faz com que estejamos abertos a reconhecer as nossas limitações e fraquezas.
Se vamos para um encontro assim, relaxados, diminuem os nossos preconceitos.
Então, depois de uma caminhada sentamos ao redor da mesa vulneráveis a partilhar, a ouvir, a considerar, a cuidar e a ser cuidado.
E se não houver a caminhada prévia? Não há problema porque a mesa tem um poder semelhante.
Aliás, a nossa proposta é o que acontece "ao redor da mesa", onde somos cuidados e também onde podemos cuidar. Cuidar não de nós mesmos, num instinto de sobrevivência, mas cuidar dos outros numa entrega de servos.
O autocuidado bem como o cuidado mútuo florescem ao redor da mesa.
Ao redor da mesa somos iguais porque, num primeiro momento, a conexão é o que está posto sobre a mesa. A comida é o interesse comum.
Há um esvaziamento de nós mesmos. Estamos unidos em torno dos mesmos sabores, e então comentamos ou, simplesmente, expressamos a respeito.
Isto também nos desarma, e mais uma vez a bênção da vulnerabilidade para que alguém nos cuide e também seja cuidado.
Então, a partilha se estabelece, e acontece os olhos nos olhos, as perguntas, as histórias, a partilha de sabores e dissabores da vida.
Há aí um ambiente fértil para a confissão e a cura, as lágrimas e o consolo, a confrontação e o acolhimento, as perguntas e algumas respostas, as dores e a empatia.
E, depois?
Retomamos a caminhada. Talvez, não aquela caminhada que incentivamos no início, mas a caminhada de volta para a vida, para o futuro.
Voltamos à nossa realidade numa dimensão mais ampla e com uma cosmovisão mais completa porque fomos amados e amamos.
Sendo assim, permita-se cuidar de si mesmo, permita-se ser cuidado. Cultive a bênção da partilha ao redor da mesa.
A mesa não apenas como um lugar de sobrevivência, mas de acolhimento.
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