Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



quinta-feira, 24 de março de 2022

Ao redor da mesa começa e termina uma caminhada

Caminhar com tranquilidade, sem presa, provoca em nós contemplação e a bênção de baixarmos a guarda.

"Baixar a guarda" não é vulnerabilidade? Sim. E quem disse que a vulnerabilidade é negativa? 

A vulnerabilidade faz com que estejamos abertos a uma abordagem diferente.

A vulnerabilidade faz com que estejamos abertos a reconhecer as nossas limitações e fraquezas.

Se vamos para um encontro assim, relaxados, diminuem os nossos preconceitos.

Então, depois de uma caminhada sentamos ao redor da mesa vulneráveis a partilhar, a ouvir, a considerar, a cuidar e a ser cuidado.

E se não houver a caminhada prévia? Não há problema porque a mesa tem um poder semelhante.

Aliás, a nossa proposta é o que acontece "ao redor da mesa", onde somos cuidados e também onde podemos cuidar. Cuidar não de nós mesmos, num instinto de sobrevivência, mas cuidar dos outros numa entrega de servos.

O autocuidado bem como o cuidado mútuo florescem ao redor da mesa.

Ao redor da mesa somos iguais porque, num primeiro momento, a conexão é o que está posto sobre a mesa. A comida é o interesse comum.

Há um esvaziamento de nós mesmos. Estamos unidos em torno dos mesmos sabores, e então comentamos ou, simplesmente, expressamos a respeito. 

Isto também nos desarma, e mais uma vez a bênção da vulnerabilidade para que alguém nos cuide e também seja cuidado.

Então, a partilha se estabelece, e acontece os olhos nos olhos, as perguntas, as histórias, a partilha de sabores e dissabores da vida.

Há aí um ambiente fértil para a confissão e a cura, as lágrimas e o consolo, a confrontação e o acolhimento, as perguntas e algumas respostas, as dores e a empatia.

E, depois? 

Retomamos a caminhada. Talvez, não aquela caminhada que incentivamos no início, mas a caminhada de volta para a vida, para o futuro.

Voltamos à nossa realidade numa dimensão mais ampla e com uma cosmovisão mais completa porque fomos amados e amamos.

Sendo assim, permita-se cuidar de si mesmo, permita-se ser cuidado. Cultive a bênção da partilha ao redor da mesa.

A mesa não apenas como um lugar de sobrevivência, mas de acolhimento.


Follow Instagram: @vacilius.lima

Ao redor da mesa os olhos se abrem

As últimas notícias nos tabloides de Jerusalém eram de morte. Foi-se a esperança. Jesus, o Messias prometido para a restauração de Israel, estava morto. 

Dois discípulos iam cabisbaixos em decorrência desta triste notícia, sem perspectiva do amanhã. 

O que aconteceu? 

Jesus aproximou-se deles, e a narrativa do Evangelho de Lucas cap. 24 diz que Jesus, simplesmente, "ia com eles". Ele andou com eles.

Na verdade, o que Jesus fez? 

Primeiramente, Jesus ouviu o que estava em seus corações.

Ouviu e fez-lhes algumas perguntas. Perguntas intencionais. Perguntas que demonstravam interesse pelo que eles estavam a viver.

Depois, expor a Palavra numa jornada que terminou ao redor da mesa.

O que é marcante nesta narrativa é que o coração deles queimava, entretanto, os olhos somente foram abertos ao redor da mesa.

Foi ao redor da mesa que os seus olhos foram-se abertos.

O que isto pode nos sugerir? 

Não haveria de acontecer situações semelhantes? 

Quantas vezes, as pessoas ouvem e ouvem a Palavra do Senhor, ela chega a queimar os corações, todavia, apenas ao redor da mesa podemos enxergar a revelação de algumas verdades, que Deus quer nos ensinar.

É aquela experiência sobrenatural, que parece um tanto óbvia, quando dizemos: "Uau! Isto é aquilo!"

"Afinal, posso enxergar o que pensei saber."

"Agora, meus olhos podem ver."

Quantas pessoas recebemos, quantas delas vivenciam o que aconteceu depois da caminhada? Somos muitos. Aliás, sobre a caminhada que termina ao redor da mesa podemos falar no próximo episódio. 

Aprendemos de arrependimento, e ao redor da mesa temos oportunidade de confissão.

Ouvimos falar de não guardar rancor, nem amargura, e nem de deixar o sol se pôr sobre a nossa ira, então ao redor da mesa temos oportunidade de reconciliação e perdão antes de recostarmos a cabeça cheia de angústias. 

Quantas pregações sobre avançar e não deixar que o passado nos aprisione, e ali ao redor da mesa as nossas vivências são descortinadas, fazemos conexões e percebemos porque somos como somos, e fazemos o que fazemos.

São muitas as vezes que ouvimos sobre andar prudentemente, e então, ao redor da mesa vemos aplicabilidade e pertinência com a nossa realidade.

É ao redor da mesa que a Palavra de Deus que enxergamos será enxergada em nossas vidas.

Enfim, ao redor da mesa todos temos oportunidade de termos "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir" com um significado mais profundo, revelador e transformador.

Boa refeição! E que os nossos olhos se abram...


Follow INSTAGRAM: @vacilius.lima

sábado, 19 de março de 2022

Ucrânia: uma necessidade Emergente

Todos nós estamos a falar nos horrores que circundam a Ucrânia, naturalmente. Não daria para ser diferente nesta conjuntura. Entretanto, não podemos nos esquecer que há outras tantas necessidades para respondermos. 

A Invasão da Ucrânia não pode nos cegar, inclusivamente, de que há sérias consequências para os próprios russos, e a nossa humanidade e bom senso não nos permitem celebrar que os russos vivam isolados novamente, e amarguem duras penalidades. 

Há muitas mães a chorarem na Ucrânia, entretanto, muitas delas também choram do outro lado as perdas deste desatino. 

Não podemos nos esquecer da Síria cuja Guerra já dura por 11 anos. O que dizer da Palestina? Por que ninguém mais fala na Venezuela? E também não podemos deixar que a África fique ainda mais abandonada. 

Queremos fazer o bem aos ucranianos? Fazemos bem. 

Por outro lado, não devemos tratar as necessidades a nossa volta como, algumas vezes, tratamos as doenças crônicas. "É mesmo assim! Não há o que fazer. Um paliativo aqui, outro ali, e vai-se vivendo."

A Igreja, as Ongs, as Agências Missionárias, os próprios missionários, o ser humano com coração, não podem se esquecer de que existem por uma razão e não devem se desviar do que devem fazer, só porque todos estão a correr numa só direção. 

A necessidade emergente está aí, e devemos abraçá-la, no entanto, vamos seguir em nosso foco. Vamos avaliar. Vamos agir com clareza.

Muito cuidado para não sermos engolidos pela tirania do urgência emergente. Muito cuidado para não usarmos os ucranianos para a autopromoção e nos desviarmos fazendo o bem.

Enfim, bem-vindos aos ucranianos, mas não nos esqueçamos do necessitado à nossa porta. 

INSTAGRAM: @vacilius.lima