Aos líderes eclesiásticos que não pisam o chão do povo, que nunca andam descalço na terra, a Criação será sempre um tema bom apenas para Rituais.
O máximo que suas igrejas podem atingir é um desfrute utilitarista, quando a Natureza é sugada nos Acampamentos, como se estivessem todos aos limites de uma overdose de oxigênio mais puro. E depois? Todos voltam para um estilo de vida pesado, com pouquíssima qualidade, e sem nenhum compromisso com a sustentabilidade.
Ensinar sobre adoração ao Criador, especialmente nestes dias, deve passar por programas que - didaticamente - cuidam do Planeta. Afinal, a Bíblia começa com um Jardim e termina com a restauração dele. O que há entre eles é uma história onde a Natureza geme, e não podemos acrescentar sofrimento a esta agonia, enquanto aguardamos a Redenção.
A Natureza não pode ser matéria apenas para cantorias e homilias. A Igreja deve ter seus Contentores de Coleta Seletiva. Ela deve desenvolver, sobretudo com as crianças, programas de "escoteiros/adoradores", quando a Bíblia, o Criador, a Criação e a humanidade se encontram em cuidado mútuo. E assim, com mais cuidado sustentável devia pensar seus encontros.
Por quê?
Porque é uma maneira de honrar o Criador. Faz tanto gosto quando somos elogiados por algo de bom, que fizemos. O Deus Criador, deleita-se na adoração.
Tornou-se urgente, porque aquela mensagem de o mundo vai de mal a pior, já é uma realidade. Já não precisa ser pior do que está, para que nossos filhos e netos, tenham dificuldades em respirar - função básica que já não é possível, com qualidade, em muitos lugares.
Nossa vida na Associação Cascatas, inspirada em L'Abri de Francis Schaeffer, fundamenta-se em gigantes tão humanos, que souberam ter um olhar holístico. Schaeffer bebeu de Hans Hookmaaker, Hookmaaker já havia bebido de Herman Dooyeweerd, e Dooyeweerd de Abraham Kuyper.
Eles sempre acreditaram nas ciências como ferramenta para discernir e perscrutar a Criação. Eles viam Jesus em todas as coisas.
"Não há um centímetro quadrado em todo o domínio de nossa existência humana, sobre a qual Cristo não clama: "É Meu!" (Abraham Kuyper)
Onde o mundo vai parar sem o cuidado da Natureza já sabemos. E a Igreja? Onde vai parar, se apenas pregar, mas deixar de cuidar do Planeta?
Se a Igreja quiser ter sua voz ouvida, sem necessariamente compactuar-se com "movimentos ecológicos" que adoram a criação, e cair na graça do povo, deverá transitar em práticas sustentáveis.
Aliás, não é apenas para evitar o perigo de ser irrelevante em sua mensagem, mas sim, por consciência de uma cosmovisão de responsabilidade, diante do Criador e de Sua criação.
Não podemos fazer isto como aquelas igrejas que dão cestas básicas, e só renovam a ajuda se as pessoas "se converterem". Não. Não pode ser apenas naquela visão mais utilitarista que evangelista.
Falando em cestas básicas, as nossas ações de sustentabilidade deveriam passar por ajuda humanitária. Não podemos cair na armadilha de que os animais, especialmente aqueles ameaçados de extinção, são mais importantes que o próprio ser humano.
Apoiar programas que recolhem produtos no limite do vencimento, e transformá-los numa ajuda imediata, por exemplo.
Enfim, vamos ao primeiro-passo: trabalhar uma cosmovisão cristã, onde Cristo é o Senhor de toda a criação, cuja proposta de restauração inclina-se a ouvir o gemido da criação. E enquanto aguardamos a redenção do nosso corpo, e de todas as coisas criadas, trabalhamos e criamos estratégias sustentáveis com o Planeta, e compassivas com seres humanos.
Follow @vacilius.lima no Instagram