Se ainda não assistiu ao filme, por favor, não leia. Longe de mim fazer "spoiler". Assista e volte aqui depois.
O filme é cristão? Não. Ele lembra algumas verdades bíblicas? Lembra. Ou melhor, lembrei-me. Talvez você classifique-me como um alienado, e então vamos à isto. O que um alienado ao Evangelho diria do filme Bird Box?
Primeiro, a personagem Malorie (Sandra Bullock) fez-me lembrar da dura tarefa de criar os filhos no mundo de hoje, sem que eles sejam enganados pelas vozes que os cercam. As vozes são muitas, de todos os lados. Quem ouvir? Qual a nossa base para filtrarmos tudo o que vemos? Algumas vezes torna-se mesmo angustiante não ceder as estas vozes.
Associar o vislumbre de quem via o mal como algo lindo, maravilhoso, espectacular, também é inevitável. "Satanás apresenta-se como anjo de luz." "Os filhos das trevas são mais prudentes que os filhos da luz." Há encantos magníficos apresentados pelo mal. Aliás, os prazeres da carne são mesmo tão atraentes que até aqueles que "nasceram de novo" precisam cuidar para não dar marcha-atrás, ou simplesmente perder-se enfeitiçados como se o mal fosse a melhor saída.
E a necessidade de estarmos unidos para auto-proteção contra o mal? Estar numa pequena comunidade faz parte da luta. A comunidade é vulnerável, mas todos juntos cuidam-se. Ainda assim, alguém infiltra-se Gary (Tom Hollander) e quase acaba com todos. Causou mortos e muitos prejuízos.
O que dizer daquela cena que Malorie sai do barco e tem uma linha ligada à ela? Ela sai para buscar algum suplemento. Afastar-se de algumas circunstâncias para reabastecer faz parte do desafio.Mas, há perigos de perder-se, o que é muito fácil quando não criamos pontos de conexão. Sair da situação de maneira consciente e retornar, sair e retornar, e depois prosseguir ao alvo faz-se necessário.
E a chamada? Ela a ouviu e foi ao encontro daquela voz solitária. E quando estava por chegar parece que não chegaria, pois o bote virou e eles quase morreram. Muitos obstáculos levantam-se à nossa frente quando estamos a obedecer a chamada, e coisas difíceis podem surgir na reta-final de uma conquista. E as aparências das circunstâncias não podem obscurecer a fé.
Finalmente, chegamos à última e magnífica cena. Ufa! Estamos num lugar seguro. O que mais tocou-me foi a chegada ao destino. Malorie lembrou ao Boy e à Girl que aquela voz falou haveria outros miúdos, e que o lugar era mesmo um lugar de paz. Havia outros.Eles não estavam só. Outros também lutaram e venceram. Havia flores, havia pássaros. E tudo podia ser contemplado sem a ilusão do mal. Assim, será connosco que aguardamos do Alto a manifestação dos filhos de Deus (Rm. 8.19).