Já viu alguém dividir a vida entre "as coisas de Deus" e "as coisas do mundo"?
Quem mais fomenta esta dualidade são as igrejas cristãs. E do outro lado, aqueles que pensam nada ter a ver com Deus, como se tudo dependesse do próprio ser humano.
O que são as supostas "coisas de Deus"? Frequentar uma Comunidade Cristã, ler a Bíblia e orar, ouvir cânticos com letras teológicas - de preferência se for em melodia considerada "sacra". Conversas sobre Deus são bem-vindas.
O que são as supostas "coisas do mundo"? Trabalho, passeio e turismo, comida, as Artes, a musicalidade etc. E para deixar mais claro ainda o que é do mundo, adjectivam de "secular".
O que é o "trabalho secular"? Aquele que não está envolvido com Igreja, nem com a obra missionária.
O que é a "música secular"? É aquela que não cantamos na chamada Igreja. Aliás, o termo "Igreja" tornou-se uma corruptela desta distorção.
É tão difícil livrarmo-nos destas tendências. Elas são opressoras.
É libertador quando entendemos que tudo é de Deus, e tudo é para Ele. Todas as coisas criadas, por Ele foram criadas, e a Ele devem servir. E todas as outras que existem, passaram a existir em função delas.
Qual é o temor de alguns? Diminuir o que é supostamente santo, e sujá-lo com aquilo que não o é. Percebem que esta preocupação está contaminada?
Quem percebe bem o que as Escrituras ensinam não faz distinção entre o "santo" e o "profano", salvo se aquilo a que remetem for algo que, essencialmente, não glorifica ao Senhor, e que por isto é pecado.
O que é pecado? Tudo que não glorifica ao Criador. E o que não glorifica ao Criador? Tudo que distorce a essência daquilo para que foi criado, e consequentemente, rouba a glória de quem o fez.
Sei que é difícil à nossa mente ocidentalizada, mas há algumas caminhos a considerar: as Ciências dão-se ao trabalho de estudar as coisas criadas, as Artes assumem um papel de promover a sua contemplação, a Filosofia a sua reflexão, a Teologia a sua origem, a Bíblia a sua base.
Portanto, cantar, dançar, beber, comer, passear, pregar, ter relações sexuais, criar filhos, estudar, pesquisar, escrever, dialogar, pensar, conviver etc etc etc, não devia passar de celebração ao Criador.
Nada deveria deixar de ser um Culto ao Criador, uma celebração da vida e das coisas criadas.
(Obs.: a leitura do Salmo 19 e Romanos cap. 1 desafiaram-me a escrever este texto, depois de algumas leituras de Francis Schaeffer.)