Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Tudo é de Deus e para Ele? (parte II)

Ler a Bíblia então tem o mesmo valor que ler Camões, ou outra Literatura qualquer? 

Participar de uma adoração coletiva tem o mesmo peso que "fechar a porta do quarto" para orar?

Ter um tempo de discipulado estaria no mesmo nível de um passeio com a família?

Por que temos tanta necessidade de classificar?

Perguntas como esta desconsideram outras importantes perguntas: 

1) Quando? 
Saber o tempo de cada coisa é fundamental. Se for tempo de estudar para um Teste não haverá sentido dedicar-se ao estudo da Bíblia por horas seguidas, negligenciando o conteúdo a ser requerido naquele momento.

2) Para quê?
A finalidade é importante porque sonda o nosso coração, e revela a motivação que nos leva a fazer o que fazemos. Se a coisa certa for feita com a motivação errada não glorifica a Deus, na mesma.

Aliás, outras questões devem ser levantadas:

3) Com quem vamos fazer o que vamos fazer?
A relação sexual é um bom exemplo. "Com quem" faz toda diferença. Esta questão caberia bem na primeira pergunta também: "Quando?"

4) Onde vamos?
Sabemos que Deus está em todo lugar, e que toda a terra a Ele pertence, no entanto, prudentemente evitamos alguns lugares que podem trazer-nos maiores perigos. 

Enfim, viver para a glória de Deus é também discernir o tempo e o propósito de todas as coisas.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Tudo é de Deus e Para Ele?

Já viu alguém dividir a vida entre "as coisas de Deus" e "as coisas do mundo"? 

Quem mais fomenta esta dualidade são as igrejas cristãs. E do outro lado, aqueles que pensam nada ter a ver com Deus, como se tudo dependesse do próprio ser humano. 

O que são as supostas "coisas de Deus"? Frequentar uma Comunidade Cristã, ler a Bíblia e orar, ouvir cânticos com letras teológicas - de preferência se for em melodia considerada "sacra". Conversas sobre Deus são bem-vindas.

O que são as supostas "coisas do mundo"? Trabalho, passeio e turismo, comida, as Artes, a musicalidade etc. E para deixar mais claro ainda o que é do mundo, adjectivam de "secular". 

O que é o "trabalho secular"? Aquele que não está envolvido com Igreja, nem com a obra missionária. 

O que é a "música secular"? É aquela que não cantamos na chamada Igreja. Aliás, o termo "Igreja" tornou-se uma corruptela desta distorção.

É tão difícil livrarmo-nos destas tendências. Elas são opressoras. 

É libertador quando entendemos que tudo é de Deus, e tudo é para Ele. Todas as coisas criadas, por Ele foram criadas, e a Ele devem servir. E todas as outras que existem, passaram a existir em função delas. 

Qual é o temor de alguns? Diminuir o que é supostamente santo, e sujá-lo com aquilo que não o é. Percebem que esta preocupação está contaminada?

Quem percebe bem o que as Escrituras ensinam não faz distinção entre o "santo" e o "profano", salvo se aquilo a que remetem for algo que, essencialmente, não glorifica ao Senhor, e que por isto é pecado.

O que é pecado? Tudo que não glorifica ao Criador. E o que não glorifica ao Criador? Tudo que distorce a essência daquilo para que foi criado, e consequentemente, rouba a glória de quem o fez. 

Sei que é difícil à nossa mente ocidentalizada, mas há algumas caminhos a considerar: as Ciências dão-se ao trabalho de estudar as coisas criadas, as Artes assumem um papel de promover a sua contemplação, a Filosofia a sua reflexão, a Teologia a sua origem, a Bíblia a sua base.

Portanto, cantar, dançar, beber, comer, passear, pregar, ter relações sexuais, criar filhos, estudar, pesquisar, escrever, dialogar, pensar, conviver etc etc etc, não devia passar de celebração ao Criador.

Nada deveria deixar de ser um Culto ao Criador, uma celebração da vida e das coisas criadas.

(Obs.: a leitura do Salmo 19 e Romanos cap. 1 desafiaram-me a escrever este texto, depois de algumas leituras de Francis Schaeffer.)