Sinta-se Em Casa

Entre. Puxe a cadeira. Estique as pernas. Tome um café, e vamos dialogar com a alma.



terça-feira, 16 de abril de 2024

Habitar o tempo de espera

"Habitar o tempo de espera"

Gostei tanto desta expressão. Ouvi-a de uma worker de L'Abri, e passei a pensar...

Quem falou esta expressão, vive num contexto em que o ritmo de vida adequa-se, ou inspira-se, nas estações. As casas L'Abri trabalham com "termos" onde as estações são referenciadas.

Ouvir esta expressão: "habitar o tempo de espera", de quem trabalha naquele contexto, também é inspirador, porque eles têm uma prática de oração e dependência de Deus que, normalmente, não tomam decisões para ontem. Aliás, o mais natural é deixar para amanhã, a fim de que hajam confirmações.

Pensei mais...

"Habitar o tempo de espera" é diferente de só esperar, porque não há outra opção, como se fosse uma carga pesada e desnecessária. 

"Habitar o tempo de espera" é assumir que o outono nos prepara para o inverno, e a paz de que o inverno também tem o seu fim. 

"Habitar" este tempo difícil da espera, como um tempo importante e necessário, abre os nossos olhos para contemplar e depender dAquele que "muda os tempos e as estações" (Dn. 2:21-22).

Enfim, vamos entrar no processo da espera, como quem habita o lugar onde deve estar, o tempo que for preciso, na dependência do Senhor dos tempos. 


Instagram: @vacilius.santos

terça-feira, 26 de março de 2024

A festa da ressurreição

A FESTA DA RESSURREIÇÃO 

Dias atrás, nos primeiros dias de Primavera aqui no "Velho Mundo", fui tratar a terra de um vaso que estava um pouco de canto, esquecido. Queria plantar novas plantas. Quando cheguei perto estava a rebentar uma planta que estava adormecida durante o inverno.

Foi assim com Jesus, ele estava adormecido, e no devido tempo rebentaria para a vida. 

"Virá um descendente do rei Davi, filho de Jessé, que será como um ramo que brota de um toco, como um broto que surge das raízes." (Is. 11:1)

Os horrores da sepultura não puderam contê-lo. 

Depois, da morte e do sábado fúnebre, aconteceu uma nova manhã. Jesus ressuscitou!

"Por isso, celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento, os pães da sinceridade e da verdade." (1 Co. 5:8)

A maior manifestação, portanto, de nossa gratidão e alegria pela ressurreição, por uma fé que não é vã, é a demonstração com uma vida agradável ao Senhor. 

Celebremos a festa! Jesus ressuscitou!


Instagram: @vacilius.lima


O silêncio do sábado

Há caminhadas que se tornam ainda mais pesadas, quando os ombros estão carregados de dúvidas e questionamentos, e os pés empoeirados pela desesperança. Elas carregam o nosso sábado fúnebre para o nosso domingo.

"Naquele mesmo dia, dois deles estavam indo para um povoado chamado Emaús, a onze quilômetros de Jerusalém. No caminho, conversavam a respeito de tudo o que havia acontecido." (Lc. 24:13-14)

Jesus já havia ressuscitado e estes dois discípulos ainda estavam assombrados com os pavores da crucificação.

"Ele lhes perguntou: "Sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham? " Eles pararam, com os rostos entristecidos. Um deles, chamado Cleopas, perguntou-lhe: "Você é o único visitante em Jerusalém que não sabe das coisas que ali aconteceram nestes dias?" (Lc. 24:17,18)

Nós somos estes dois discípulos, entre as promessas e o "ainda não", quando o passado em nosso hoje tem mais peso que as perspectivas do amanhã. 

Será que vai acontecer o que Ele prometeu?

Por que devíamos descansar frente a tantos desafios? 

Como as ondas não agitariam a nossa paz? 

Os nossos dias ruins, a turbulência de nossas incertezas, não muda a presença dele. 

"Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles;" (Lc. 24:15)

E, é exatamente por isso que, o nosso Retiro Sepal será sobre Resiliência, porque cremos que Ele se aproxima de nós quando estamos nas caminhadas mais longas e desanimadoras. 

Sendo assim, vamos caminhar juntos e sentir a presença que cuida da nossa esperança. 


Instagram: @vacilius.santos

A Páscoa aponta para a Cruz

A morte e o sangue, numa aparente contradição, trazem a vida. 

Não é assim, no parto? Não é assim com o grão de trigo que precisa morrer para germinar? Não é assim na Páscoa? 

A Páscoa do hebraico “Pessach” é a “passagem do anjo destruidor”, cuja fúria seria impedida com a “passagem do sangue” do cordeiro. 

O rito da Páscoa implicava na “morte do Cordeiro”, morte esta que acontece num contexto de libertação aos israelitas; por isso, Jesus é o nosso Cordeiro Pascal.

"Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado." (1 Co. 5:7)

A Páscoa, portanto, tem uma direta relação com a Cruz, porque ela é sinônimo de morte e de vida ao mesmo tempo. 

A morte que era nossa, foi assumida pelo único que podia trazer a vida por sua própria morte. 

"Ele vos concedeu a vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados," (Ef. 2:1)

Então, vamos celebrar a Jesus, o nosso Cordeiro Pascal, que fez germinar a sua vida em nós.


Instagram: @vacilius.santos

Evangelização e Cultura

Evangelização e cultura formam duas asas de um mesmo voo, e não se trata de uma asa espiritual e outra meramente humana. As duas são divinas e devem encontrar as suas respectivas e mais adequadas expressões humanas.

A humanidade não é algo a que devemos prontamente combater sob pretexto da espiritualidade e do divino, porque o próprio Jesus se deu como exemplo de quem assumiu a humanidade e as suas implicações.

"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;" (Fp. 2:5-7)

A cultura é uma expressão da Criação em toda a sua criatividade. A  Criação aconteceu num ato único de Deus como lemos nos dois primeiros capítulo do "Livro das Origens". E vemos ali, que, depois dos seis dias e do sétimo de descanso, o DNA da Criação expandiu-se em criatividade, que nunca mais estancou. 

As línguas, os povos, a culinária, a adaptação geográfica, enfim, há um constante criar e recriar a partir do potencial legado pela Criação.

"E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema." (Gn. 4:21,22)

Há algo de divino nas culturas, há na cultura o gene da gênese, do gênesis de Deus. 

Por outro lado, também sabemos que todas as coisas foram afetadas pelo pecado. E aí sim, devemos estar atentos para não submeter as Escrituras e a missão de Deus aos caprichos pecaminosos da cultura. 

"Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição." (Marcos 7:7-9)

Ainda por um outro lado, devemos transitar, cuidadosamente, de maneira que sejamos bons "camelões culturais" sem comprometer a essência do Evangelho, na prática da Evangelização. 

"Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele." (1 Co. 9:19-23)

Ou seja, tanto a evangelização como a cultura são bênçãos divinas com traços e expressões humanas. Aliás, o próprio Evangelho não escapa a esta conjugação e conjunção, porque Deus falou aos homens na linguagem dos homens. 

Infelizmente, todavia, há uma tendência e um perigo jesuíta nas missões e nos missionários. Os jesuítas são exemplares na obediência ao chamado e até na renúncia, entretanto, eles desconsideraram a cultura que os recebeu. 

Os jesuítas tinham uma postura elitizada e separatista. Não havia a postura de aprendiz da cultura. Não havia a postura de uma criança. Ou seja, quando desrespeitamos a cultura nós estamos desobedecendo o princípio de humildade do Evangelho, porque ele nos ensina a ser tais como as crianças, e também somos discípulos, aquele que aprende.

Os missionários, e todo aquele que evangeliza, precisam ter uma postura e uma atitude de quem está aberto a aprender, e assim virá a adaptação cultural e as oportunidades que daí advêm.

Aqui devemos discernir entre transculturalidade e supraculturalidade. Se a evangelização numa outra cultura é uma missão transcultural, a supraculturalidade do Evangelho não é por causa de nossa boa cultura para com uma cultura inferior, mas porque o Evangelho está acima da cultura, no sentido que haverá de moldá-la, para a glória Deus.~

Moldar-se que, aliás, haverá de acontecer somente quando houver aculturação - a fusão das culturas em pauta. A cultura do missionário na evangelização, a supracultura do Evangelho e a cultura do ouvinte. 

Sendo assim, esperamos que as duas asas, da Evangelização e da Cultura, alimentadas pelo motor do Evangelho, que nortearam o grande missionário Paulo de Tarso, encontre em nós abrigo: "Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus." (2 Coríntios 4:5)


por Vacilius Santos

Instagram: @vacilius.santos


Vacilius Santos é missionário da SEPAL em Portugal. Esposo de Mara Regina e pai de Thales, Jamily e Murilo. Ele é autor de vários livros, dentre eles TEOLOGIA DE MISSÕES e PORTUGAL NÃO É BRASIL. Atualmente é Diretor da Associação Evangélica Cascatas, uma casa de hospitalidade e cuidado integral inspirada em L´Abri, e serve como voluntário na área de mobilização para Despertamento Missionário (SIMPLY MOBILIZING) e mobilização para a Janela etária 4/14 (GLOBAL CHILDREN´S NETWORK). 

segunda-feira, 11 de março de 2024

Houve "a-ventura" nas Eleições Portuguesas

Prá já vale a pena salientar que a alternância de poder acaba por fortalecer a democracia. A centralização repetida é cansativa e gera desânimo por não alimentar novas perspectivas. 

Alguns escândalos morais também trouxeram alguma influência bem como a falta de governabilidade em questão básicas do cotidiano do povo. 

E o tão falado Chega? É um misto entre o fantasma da Ditadura e a saudade de bons valores. Muita gente migrou para uma "aVentura" não por plena concordância do que podia vir a ser, mas sim por discordância e protesto daquilo que "já está".

Manuel Alegre disse: "Como homem do 25 de Abril vejo com tristeza o resultado do Chega". O que ele precisa lembrar é que a democracia é exactamente isto, a voz do povo a chega para qualquer coisa que não deseja mais. 

Outro detalhe pertinente é que muita gente apercebeu-se que existe uma tendência nos governos esquerdistas de dar com uma mão e tirar com as duas. Há subsídios e mais subsídios os quais são muito bem-vindos, entretanto, a criatividade de "arrancar" dinheiro em taxas, sobretaxas é cada dia mais ampla. Que o digam os radares de velocidade, os quais - praticamente - nem havia quando cheguei em Portugal, e hoje há aos montes. 

Enfim, não sei o quanto será bom ou mal, o que sei é que a democracia permite ao povo "a-venturar", e cabe aos cidadãos a perseverante cidadania.


Segue Instagram: @vacilius.santos