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quinta-feira, 6 de março de 2025

Ainda Estou Aqui

O início do filme trouxe-me uma saudade de pé no chão, calor, jogar bola na praia, na rua, em qualquer lugar. Que clima de sol, que clima de clima solto de ser e estar, naquele Rio de Janeiro, fevereiro e março.

“Ainda Estou Aqui” de Walter Salles, de repente, perde o encanto e vira espanto.

Uma família de classe média-alta, privilegiada, entra num emaranhado estatal e infernal de acusação: "Vocês são todos uns terroristas!"

Como parte dos "terroristas" estava Eunice Paiva, protagonizada maravilhosamente por Fernanda Torres. Ela conseguiu manter a cabeça erguida, com elegância, numa tensão cruel entre um cenário trágico de dor e a esperança, que se esvaia sorrateiramente.

Aliás, acusar de "terroristas" os que se opõem é algo próprio da linguagem ditatorial, em nome da democracia. Isto lembra algum governo que persegue e prende opositores, e desmonetiza contas de quem se posiciona contra eles?

O mais patético ainda é não ouvir o clamor: "Ainda estou aqui" que ecoa de gente de bem ("Eunices" de nossos dias), ainda presa desde 08 de janeiro de 2023.

Voltando ao filme, é incrível como gerações não somente sobreviveram pela postura aguerrida de uma mulher. A família Paiva conseguiu construir, des-construir, conquistar, denunciar, servir um ao outro e servir os outros.


Enfim, vê aí dia 08 de Março, conhecido como o Dia Internacional da Mulher, e podemos honrar todas as "Eunices" que não desistem de sua família enquanto choram.


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